A desenvolvedora Mundfish anunciou oficialmente “Atomic Heart 2” durante o Summer Game Fest nesta sexta-feira, 6 de junho, com um trailer que promete expandir seu universo retrofuturista para uma escala global. A revelação da sequência, no entanto, traz de volta não apenas o mundo distópico do jogo, mas também a intensa controvérsia que marcou o lançamento do título original em 2023.

O retorno ao magnífico e perigoso mundo da ciência soviética

O primeiro trailer de “Atomic Heart 2” sugere uma continuação direta da narrativa, com o jogador novamente imerso em um mundo de história alternativa onde a União Soviética alcançou um avanço tecnológico sem precedentes. “Atomic Heart 2 é um RPG de ação e aventura que te leva de volta a um universo retrofuturista, cheio de novos perigos”, diz a descrição oficial. A sequência promete “grande ênfase na história, nos elementos de RPG e na liberdade do jogador”, com eventos que agora se desenrolam em uma escala global.

O jogo está sendo desenvolvido para PC e consoles (presumivelmente PlayStation 5 e Xbox Series X/S), mas ainda não possui uma data de lançamento definida.

A sombra da controvérsia: o pedido de boicote do governo ucraniano

O anúncio da sequência é inseparável do contexto polêmico do primeiro jogo. Lançado em fevereiro de 2023, poucos dias antes do primeiro aniversário da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, “Atomic Heart” foi duramente criticado por seus temas que, para muitos, romantizavam a estética e a ideologia soviética. A desenvolvedora Mundfish, embora sediada no Chipre, tem fortes raízes russas e foi acusada de ter laços financeiros com empresas estatais russas.

A situação levou o governo ucraniano a tomar uma atitude drástica. Na época, o vice-ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Alex Bornyakov, anunciou que solicitaria formalmente à Sony, Microsoft e Valve que o jogo fosse removido de suas lojas digitais no país. “Também pedimos a limitação da distribuição deste jogo em outros países devido à sua toxicidade, à potencial coleta de dados de usuários e ao potencial uso do dinheiro arrecadado com a compra do jogo para conduzir uma guerra contra a Ucrânia”, declarou Bornyakov em um comunicado oficial.

Um legado de ambiguidade e debate

A Mundfish, por sua vez, manteve uma postura amplamente apolítica e ambígua em relação ao conflito, o que apenas intensificou as críticas e os pedidos de boicote por parte de jogadores e ativistas ao redor do mundo. Apesar da polêmica, o primeiro “Atomic Heart” foi um sucesso comercial considerável, elogiado por seu design de mundo único e combate frenético, mas sempre acompanhado pela discussão sobre a ética de consumir um produto com tais conexões em meio a um conflito geopolítico.

O anúncio de “Atomic Heart 2” em um dos maiores palcos da indústria de games mostra que a Mundfish e sua publicadora pretendem seguir em frente com a franquia. 

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