Uma nova reportagem alega que a Jagex, desenvolvedora dos populares jogos “RuneScape” e “Old School RuneScape” (OSRS), reduziu drasticamente o conteúdo de seus eventos do Mês do Orgulho Gay deste ano por uma decisão direta de seu novo CEO, John “Mod North” Bellamy. A motivação, segundo fontes internas, seria o receio de “reações negativas” de jogadores que consideram tais eventos como “conscientes” (woke), gerando uma forte oposição dentro da empresa e na comunidade.
A decisão de cima: “sou o dono, sou totalmente responsável”
De acordo com uma reportagem do site britânico Pink News, que cita funcionários anônimos da Jagex, o CEO informou à equipe em 25 de abril que os tradicionais eventos de Orgulho não seriam realizados em sua forma completa em 2025. Historicamente, a empresa celebra a data com eventos narrativos, como o “Contos do Orgulho Gay”, e missões com recompensas especiais. Este ano, as celebrações foram limitadas a passeatas dentro do jogo.
Em uma sessão interna de perguntas e respostas, Bellamy teria assumido total responsabilidade pela decisão, justificando-a com base no clima político atual. “Quero deixar claro: a decisão sobre isso é minha”, teria dito. “Entendo que RuneScape… é precioso porque é um espaço seguro, é uma fuga da realidade, e a realidade em que nos encontramos está mudando. Está ficando mais estranho, mais preocupante, menos moral, eu diria.”
Ele teria argumentado que estúdios estão sendo “cancelados por causa de conteúdo percebido como ‘consciente'” e que a controvérsia agora traz “mais riscos do que antes”, dos quais ele seria pessoalmente responsável por proteger a empresa. A decisão foi mantida mesmo com o conteúdo do Orgulho estando, segundo relatos, quase concluído.
A revolta interna: a carta dos funcionários contra a decisão
A ordem do CEO gerou forte oposição interna. A reportagem do Pink News afirma ter tido acesso a uma carta enviada por funcionários à gerência, argumentando contra a medida. Na carta, os colaboradores afirmam que dados de eventos anteriores mostram que, apesar de uma “minoria vocal” se engajar em comportamento preconceituoso, “isso não se traduziu em perda de receita”.
“Entendemos que nos apresentar abertamente como uma empresa diversa e inclusiva pode ser visto como um risco”, dizia a carta. “No entanto, acreditamos na Jagex, acreditamos em nossos jogadores e acreditamos que não ceder ao ódio é a decisão certa para os negócios a longo prazo.”
A reação da comunidade: memes, críticas e acusações de ceder ao ódio
A comunidade de jogadores reagiu com indignação, vendo a decisão como uma capitulação ao assédio. “Obrigado, Jagex, por validar a eficácia do assédio e das ameaças de violência”, dizia uma publicação amplamente apoiada no Reddit de “Old School RuneScape”.
Os jogadores do OSRS também usaram o humor ácido para criticar o CEO, criando memes que o comparam a Sigmund, um personagem do jogo que lidera o grupo supremacista “Humanos Contra Monstros”. A comparação é uma crítica direta à ideia de que a diversidade seria uma ameaça ao “refúgio seguro” do jogo.
O contexto “anti-woke” e a resposta oficial da Jagex
A decisão da Jagex ocorre em meio a um intenso debate sobre pautas de diversidade e inclusão na indústria de games, frequentemente chamado de “guerra cultural anti-woke”. A justificativa de Bellamy de evitar “controvérsia” e proteger o jogo como um “escape” ecoa o discurso de grupos que se opõem à representatividade em jogos.
Em um comunicado oficial enviado ao Pink News, a Jagex confirmou a decisão, mas com uma linguagem corporativa. “Em abril, tomamos a difícil decisão de interromper o trabalho em novos conteúdos do Orgulho no jogo para 2025”, afirmou a empresa, dizendo que seu foco é criar mundos que ofereçam “imersão, escape e significado”. A empresa acrescentou que está trabalhando com seu comitê de diversidade para “explorar maneiras mais amplas e significativas de celebrar o Orgulho”, como parcerias e apoio a instituições de caridade.