Vinte anos após o lançamento do aclamado “Orgulho e Preconceito” (2005), a atriz Keira Knightley relembrou o período vertiginoso e confuso que marcou sua ascensão em Hollywood. Em uma nova entrevista à revista Vanity Fair, ao lado de sua colega de elenco Rosamund Pike, Knightley confessou que, no auge de seu sucesso comercial com a franquia “Piratas do Caribe”, ela acreditava que o público e a crítica a consideravam uma “péssima atriz”, ao mesmo tempo em que recebia sua primeira indicação ao Oscar.
O paradoxo do sucesso: críticas duras e uma indicação ao Oscar
A atriz, hoje com 40 anos, descreveu a estranha dualidade que viveu em meados dos anos 2000. “Piratas do Caribe’ já havia sido lançado, mas acho que, na consciência do público, eu era vista como uma péssima atriz”, disse Knightley. Ela explicou que, embora o primeiro “Piratas” tenha sido um sucesso fenomenal, a aclamação da crítica só veio com “Orgulho e Preconceito”.
O momento mais confuso, segundo ela, foi quando o sucesso e a crítica colidiram diretamente. “Eu me lembro de [‘Orgulho e Preconceito’] ter sido lançado talvez no mesmo ano, talvez mais ou menos na mesma época que ‘Piratas 2’ [O Baú da Morte, 2006]. E recebi as piores críticas de todos os tempos por isso, e também fui indicada ao Oscar ao mesmo tempo — foi, na minha cabeça de 21 anos, bastante confuso”, desabafou.
Aos 20 anos, Keira Knightley foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua interpretação de Elizabeth Bennet, tornando-se uma das atrizes mais jovens a concorrer na categoria.
“São apenas as negativas que você absorve”
Essa percepção de ser mal avaliada pela crítica não começou com “Piratas do Caribe”. Knightley já era uma estrela em ascensão graças a sucessos como a comédia “Driblando o Destino” (2002) e o clássico natalino “Simplesmente Amor” (2003). Mesmo assim, a insegurança falava mais alto.
“Recebi críticas terríveis por ele [Driblando o Destino] – ou pelo menos as que me lembro, ou aquelas que, na mente de uma jovem de 17 anos, realmente conseguem ser absorvidas”, disse ela. “Claro, são apenas as negativas. Então, acho que [‘Orgulho e Preconceito’] foi a primeira vez que foi inequivocamente positivo, certo?”
O “lugar muito confuso” de “Piratas do Caribe”
Em uma entrevista anterior ao The Times de Londres, no ano passado, a atriz já havia refletido sobre o papel paradoxal que a franquia da Disney desempenhou em sua carreira. “É engraçado quando você tem algo que te constrói e te destrói ao mesmo tempo”, disse na ocasião.
Ela reconhece que, apesar de ser “vista como uma m*rda por causa deles”, foram os filmes de maior sucesso de sua carreira e, ironicamente, os que lhe deram o poder e a visibilidade para conseguir os papéis pelos quais foi aclamada e indicada a prêmios. “Eles me deram a oportunidade de fazer os filmes pelos quais acabei recebendo indicações ao Oscar”, explicou. “Então, eles são um lugar muito confuso na minha cabeça.”
A reflexão de Keira Knightley, duas décadas depois, oferece um olhar sincero sobre a pressão e as complexidades de se tornar uma superestrela global em uma idade tão jovem, onde o sucesso de bilheteria nem sempre se traduz em respeito crítico, criando uma jornada de autoconfiança tão desafiadora quanto qualquer aventura em alto mar.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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