A atriz Dakota Johnson, de 35 anos, fez uma crítica contundente ao estado atual da indústria cinematográfica de Hollywood, afirmando que a aversão ao risco e a obsessão por refazer sucessos do passado estão transformando o setor em uma “bagunça”. A declaração foi feita durante sua participação no popular programa do YouTube, “Hot Ones”, onde celebridades dão entrevistas enquanto comem asas de frango cada vez mais apimentadas.
“Decisões criativas tomadas por um comitê”
Questionada pelo apresentador Sean Evans sobre por que Hollywood parece tão avessa a correr riscos, Dakota, que cresceu na indústria como filha dos atores Don Johnson e Melanie Griffith, não mediu palavras. “Acho difícil quando as decisões criativas são tomadas por um comitê”, iniciou. “E é difícil quando as decisões criativas são tomadas por pessoas que nem assistem a filmes ou sabem nada sobre eles, e isso tende a acontecer com frequência”, admitiu a estrela de “Cinquenta Tons de Cinza”.
Sua crítica aponta para um processo de criação onde a visão artística é, muitas vezes, diluída por executivos e algoritmos que buscam uma fórmula segura de sucesso, em vez de apostar em ideias novas.
A armadilha de “refazer as mesmas coisas”
Dakota Johnson também analisou o modelo de negócios que domina os grandes estúdios. “Quando algo vai bem, os estúdios querem continuar assim, então eles refazem as mesmas coisas”, explicou. “Mas os humanos não querem isso. Eles querem algo novo, querem sentir coisas novas, experimentar coisas novas, ver coisas novas”.
Para ela, essa insistência em repetir fórmulas é a causa da atual crise criativa. “Então eu não sei, acho que está tudo uma bagunça agora, não é?”, concluiu.
O frenesi das propriedades intelectuais
A fala de Dakota ecoa uma frustração crescente tanto entre criadores quanto entre o público. Nos últimos anos, Hollywood entrou no que muitos chamam de “frenesi da propriedade intelectual”. A energia e os maiores orçamentos são direcionados para remakes, sequências, prequelas e spin-offs de franquias já consolidadas e com um público cativo.
Isso torna o caminho para ideias originais muito mais desafiador. Remakes de sagas como “Harry Potter” e “Crepúsculo” são vistos como apostas seguras, e universos de sucesso são expandidos com séries derivadas, como “A Casa do Dragão” (de “Game of Thrones”) e “Jovem Sheldon” (de “The Big Bang Theory”). A crítica de Dakota vem na esteira de sua própria experiência com um grande projeto de estúdio que fracassou, o filme “Madame Teia”, que foi alvo de piadas e teve um péssimo desempenho de bilheteria e crítica, e cujo roteiro, segundo ela, foi drasticamente alterado durante a produção.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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