Para toda uma geração, a imagem definitiva da intrépida repórter Lois Lane tem o rosto, o carisma e a força de Margot Kidder. Ao lado de Christopher Reeve, ela formou o casal mais icônico do cinema de super-heróis em Superman: O Filme (1978) e suas sequências, estabelecendo um padrão que, até hoje, exerce pressão sobre todas as novas versões do Homem de Aço. No entanto, por trás do brilho de Hollywood, a atriz canadense viveu uma vida de altos e baixos, marcada por uma batalha silenciosa contra a doença mental e um desfecho trágico.

Kidder, que faleceu em maio de 2018, aos 69 anos, se tornou um ícone pop nos anos 80. Sua Lois Lane era a mistura perfeita de uma jornalista aventureira, que não tinha medo de se arriscar pela notícia, e a clássica donzela em perigo, que precisava ser salva pelo herói. Essa dualidade a transformou em uma das figuras femininas mais amadas do cinema de fantasia, estampando capas de revista e sendo perseguida por fotógrafos por onde passava.

A batalha contra a doença mental

Contudo, a fama e o sucesso chegaram para uma mulher que já enfrentava problemas de saúde mental desde a infância. Em 1996, no episódio mais dramático de sua vida, Kidder sofreu um colapso público que chocou o mundo. Ela ficou desaparecida por quatro dias e foi encontrada por acaso, dormindo no quintal de desconhecidos na Califórnia.

Durante esse período, a eterna Lois Lane viveu como uma sem-teto, chegou a perder quase todos os dentes e foi vista revirando latas de lixo em busca de comida. Anos depois, ela mesma descreveria o episódio à revista People como “o maior surto público da história”, algo que a transformou em “uma daquelas mulheres que você vê conversando com alienígenas na esquina de Nova York”. Após ser encontrada, ela foi diagnosticada com transtorno bipolar.

O ativismo e o trágico desfecho

Após o diagnóstico e um período de recuperação, Margot Kidder se tornou uma importante ativista pela conscientização da saúde mental, usando sua própria história para ajudar a quebrar o tabu sobre o assunto. No entanto, sua oposição a tratamentos com medicamentos tradicionais resultou em uma carreira de altos e baixos, sem nunca conseguir repetir o sucesso estrondoso da era Superman.

Sua vida chegou ao fim em sua casa em Livingston, Montana. Segundo relatos, ela dedicava seus últimos anos a ajudar pessoas com dependência química. A investigação policial concluiu que a morte da atriz foi um suicídio, “em consequência de uma overdose autoinfligida de drogas e álcool”.

O legado de Margot Kidder é, portanto, agridoce. Ela será para sempre a Lois Lane definitiva para milhões de fãs, um símbolo de charme e coragem nas telas. Fora delas, sua história é um lembrete poderoso da dura e, por vezes, solitária batalha contra a doença mental, uma luta que ela enfrentou com a mesma bravura de sua personagem mais famosa.

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