Um dos romances mais icônicos de Jorge Amado, Tieta do Agreste, ganhará uma nova adaptação para os cinemas. O projeto, intitulado simplesmente Tieta, será escrito e estrelado pela atriz brasileira Suzana Pires, com direção de Joana Mariani (Todas as Canções de Amor). A proposta da nova versão é revisitar a história da personagem por uma “lente nova e feminina”, com o objetivo de apresentá-la para uma nova geração e para o mercado global.

Publicado em 1977, o romance de Amado conta a história do retorno triunfal e provocador de Antonieta (Tieta) à sua cidade natal, a fictícia Santana do Agreste, na Bahia. Ela volta 26 anos após ter sido expulsa e escorraçada pelo próprio pai por seu comportamento considerado “promíscuo”. Rica e exuberante, sua chegada abala as estruturas morais e hipócritas da pequena cidade.

Uma Tieta para o século 21

A nova adaptação, produzida pela Muiraquitã Filmes, de Eliane Ferreira (Retrato de um Certo Oriente), busca dar uma nova perspectiva a essa personagem tão complexa. “O objetivo é reimaginar Tieta por uma lente feminina”, afirmou Suzana Pires, que tem mais de 20 anos de experiência como roteirista, além de sua consolidada carreira de atriz. Para ela, a ideia é enfatizar como Tieta é um “símbolo de resiliência e liberdade”.

A produtora Eliane Ferreira complementou que o filme se concentrará na forte relação entre Tieta e sua irmã, Perpétua, duas figuras que “representam liberdade e castração, respectivamente”. A expectativa é que, com essa nova abordagem, a personagem “conquiste o mercado global”.

O legado de um clássico

Revisitar a história de Tieta é uma tarefa de grande responsabilidade. A personagem foi imortalizada na cultura popular brasileira por duas adaptações anteriores de imenso sucesso: a novela de 1989, da TV Globo, que teve a atriz Betty Faria em uma performance inesquecível no papel principal, e a versão para o cinema de 1996, dirigida por Cacá Diegues e estrelada por outra lenda, Sônia Braga.

A nova produção, com uma equipe majoritariamente feminina em posições-chave de liderança criativa, se propõe a dialogar com o legado dessas obras, mas oferecendo um olhar contemporâneo sobre as questões de empoderamento, sexualidade e liberdade que a personagem de Jorge Amado representa.

Jorge Amado, falecido em 2001, é um dos autores brasileiros mais conhecidos e adaptados no mundo. Suas obras, como Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos, são famosas por retratar personagens femininas fortes e complexas, um legado que a nova adaptação de Tieta pretende honrar e expandir.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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