A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão temporária do policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, neste domingo (31). Ele é o autor do disparo que atingiu o entregador de aplicativo Valério Souza, de 22 anos, na noite de sexta-feira (29), em Jacarepaguá. O caso viralizou após a própria vítima gravar o ataque. Ferrarini faltou ao plantão na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e agora é considerado foragido.
‘Eu recebia R$ 7 para tomar um tiro no pé’
O caso ganhou repercussão nacional após o próprio Valério gravar a cena com a câmera de seu celular. O vídeo mostra o momento da discussão, motivada pela recusa do entregador em subir até o apartamento do cliente, e o som do disparo. Ferido, ele pede ajuda enquanto o atirador foge.
Em entrevista ao RJ2, a vítima resumiu a trágica desproporcionalidade do ocorrido. “Quando ele veio, ele já veio alterado. Falei: ‘Cara, fica tranquilo, eu só preciso do código’. Ele falou: ‘Me dá o pedido!’. Falei: ‘Não. Me dá o código, que eu te dou o pedido’. Eu recebia R$ 7 para tomar um tiro no pé”, contou Valério. Com a bala ainda alojada, ele não sabe quando poderá voltar a trabalhar.
Agente é afastado e tem conduta ‘abominante’
A decisão da Justiça representa uma reviravolta no caso, já que Ferrarini chegou a ser ouvido na delegacia no sábado (30) e foi liberado, o que gerou um protesto de outros entregadores na porta do condomínio. Neste domingo, a Seap informou que afastou o agente por 90 dias e abriu um processo administrativo disciplinar contra ele.
Em nota, a secretária Maria Rosa Nebel classificou a conduta do servidor como “abominante” e “repugnante”. “A Polícia Penal não compactua em hipótese alguma com atitude como essa (…) e nos solidarizamos com o entregador Valério Júnior”, declarou.
iFood reforça política e oferece apoio
O iFood, empresa para a qual Valério prestava serviço, lamentou o ocorrido e reforçou que os entregadores não são obrigados a subir aos apartamentos. A empresa destacou a campanha “Bora Descer”, que incentiva os clientes a receberem os pedidos na portaria.
A plataforma informou que vai disponibilizar apoio jurídico e psicológico a Valério e que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação, esperando que o caso “não fique impune”.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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