A rede de televisão norte-americana ABC suspendeu o talk show Jimmy Kimmel Live! por tempo indeterminado. A decisão drástica, anunciada na quarta-feira (17), é uma resposta à intensa polêmica gerada por comentários feitos pelo apresentador em seu monólogo de terça-feira (16), no qual ele especulou que o assassino do ativista conservador Charlie Kirk era um republicano do movimento MAGA.
A suspensão do programa, um dos mais tradicionais da TV americana, aconteceu após uma forte pressão do presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, e uma revolta liderada pela Nexstar, um dos maiores grupos de emissoras afiliadas da ABC no país. O caso se tornou o estopim de uma crise que mistura liberdade de expressão, responsabilidade da mídia e jogos de poder político e empresarial.
O monólogo que gerou a crise
A polêmica começou durante o monólogo de abertura de Jimmy Kimmel na terça-feira. Ao comentar a morte de Charlie Kirk, ele criticou o que chamou de uma tentativa de apoiadores de Donald Trump de se dissociarem do atirador, Tyler Robinson. “Atingimos novos níveis baixos no fim de semana, com a gangue MAGA tentando desesperadamente caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles”, disse Kimmel na ocasião. A fala foi imediatamente interpretada como uma acusação sem provas sobre a afiliação política do assassino.
A pressão da FCC e a revolta das afiliadas
A reação foi rápida e veio de cima. Brendan Carr, o presidente da FCC — órgão que regula as emissoras nos EUA —, condenou duramente os comentários e ameaçou tomar medidas contra as afiliadas da ABC, lembrando que elas operam com uma licença pública. A Nexstar, que possui 28 afiliadas da ABC e busca aprovação da FCC para uma fusão bilionária, foi a primeira a agir, anunciando que suspenderia a exibição do programa.
“Os comentários do Sr. Kimmel são ofensivos e insensíveis”, disse a Nexstar em nota. Pouco depois, a própria ABC anunciou a suspensão do programa em todo o país.
A comemoração de Donald Trump
A notícia foi celebrada pelo ex-presidente Donald Trump, um alvo frequente das piadas de Jimmy Kimmel. Em sua rede social, Truth, ele comemorou o que chamou de “cancelamento” do programa. “Ótimas notícias para a América. (…) Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel tem ZERO talento”, escreveu Trump.
Kimmel pretendia se explicar, não se desculpar
Segundo fontes do The Hollywood Reporter, Jimmy Kimmel estava ciente da repercussão e pretendia usar o programa de quarta-feira para abordar a polêmica. No entanto, sua intenção não era pedir desculpas. Ele planejava explicar que sua fala foi tirada de contexto e que não sentia que um pedido de desculpas era necessário. O programa, no entanto, foi suspenso antes que ele tivesse a chance de se manifestar.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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