Novos detalhes dos bastidores revelam a caótica sequência de eventos que levou a Disney a suspender o programa Jimmy Kimmel Live! na última quarta-feira (17). A decisão, descrita como um “último recurso”, foi tomada pessoalmente pelo CEO da Disney, Bob Iger, e pela diretora de TV, Dana Walden, após um impasse com o apresentador e uma tempestade perfeita de pressão política, revolta de emissoras afiliadas, fuga de anunciantes e até ameaças de morte.

A crise, que explodiu em menos de 48 horas, mostra a complexa teia de interesses que rege a televisão americana e como um monólogo controverso pode desencadear um colapso em cascata.

O monólogo que gerou a crise

Tudo começou na segunda-feira (15), quando, em seu monólogo de abertura, Jimmy Kimmel insinuou que o assassino do ativista Charlie Kirk era “um deles”, referindo-se aos republicanos do movimento MAGA. A fala gerou uma “tempestade de merda nas redes sociais”, segundo uma fonte do The Hollywood Reporter, mas a situação escalou para um “turbilhão maior” após a intervenção do presidente da FCC (Comissão Federal de Comunicações), Brendan Carr, que ameaçou tomar medidas contra as afiliadas da ABC.

A pressão da FCC e a revolta das afiliadas

A ameaça da FCC foi o estopim. Em poucas horas, grandes conglomerados de emissoras locais, como Nexstar e Sinclair, ligaram para a alta cúpula da Disney ameaçando tirar o programa do ar. As ligações de anunciantes preocupados também começaram a chegar. A situação se tornou um problema de segurança quando e-mails de funcionários da Disney foram vazados e alguns receberam ameaças de morte.

No total, 66 das cerca de 200 emissoras afiliadas da ABC já haviam comunicado que não transmitiriam o programa de quarta-feira.

O impasse com Kimmel e a decisão de ‘último recurso’

Dentro da ABC, executivos tentaram negociar uma solução com Jimmy Kimmel. A emissora queria que ele abordasse a situação no ar de uma forma que “acalmasse a tensão”. No entanto, segundo fontes, o que Kimmel planejava fazer era “atiçar as chamas”, explicando como suas palavras foram tiradas de contexto, mas sem pedir desculpas. Uma fonte do programa contesta, dizendo que ele simplesmente “não estava se curvando” à indignação.

Com o impasse e a poucas horas da gravação, com o público já na fila do lado de fora, Iger e Walden tomaram a decisão conjunta de suspender o programa. Walden deu a notícia a Kimmel. O futuro do talk show, segundo fontes, agora depende da disposição do apresentador em “participar do processo de esfriamento” e da reconquista da confiança das emissoras afiliadas.

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