A Inteligência Artificial (IA) deve ser vista como uma aliada essencial para o futuro da indústria de games, e não como uma ameaça. No entanto, seu uso exige adaptação, estudo e, principalmente, um forte senso de ética para evitar a precarização do trabalho e a criação de conteúdo vazio. Esse foi o principal consenso de uma mesa-redonda sobre o tema, promovida pela Kingston Technology em parceria com a ESPM, no último dia 30 de setembro.
O evento reuniu especialistas em tecnologia, games e criação de conteúdo, que debateram o presente e o futuro do mercado gamer diante da rápida evolução das ferramentas de IA, destacando tanto as oportunidades de otimização quanto os perigos do uso inadequado.
A IA como ferramenta de otimização e democratização
Para os especialistas presentes, a IA já é uma realidade inescapável e poderosa. “Saiu uma pesquisa que, em 2024, mais ou menos metade da população brasileira teve acesso à inteligência artificial. É uma escalabilidade muito grande”, ressaltou a professora Cynthya Rodrigues, da ESPM.
A visão geral é de que a tecnologia serve para potencializar o trabalho humano, não para substituí-lo. “Na minha empresa, a produção foi otimizada em todos os âmbitos. Não perdemos artistas, pelo contrário: eles agora focam no que realmente precisam”, contou Rafael Araújo, sócio-fundador da Aioros Studios. O influenciador Guilherme Damiani concordou: “Eu ganho um bom tempo no meu dia automatizando algumas tarefas”.
Os debatedores também defenderam que a IA democratiza o acesso a recursos avançados, permitindo que estúdios independentes testem ideias e criem protótipos que antes eram restritos a grandes empresas com orçamentos milionários.
Os perigos do ‘trabalho desleixado’ e as questões de ética e autoria
Apesar do otimismo, o painel também levantou alertas importantes. O principal risco, segundo os especialistas, é o “trabalho desleixado” e a perda da capacidade de reflexão crítica.
“Se você está delegando tudo para a inteligência artificial, terceirizando, acaba tendo uma dificuldade que é a perda da capacidade de reflexão. É preciso saber identificar se aquilo que você fez está correto”, alertou o professor Flávio Azevedo, da ESPM.
Outras questões graves foram levantadas, como o plágio em jogos criados com IA e o uso indevido e não autorizado de vozes de artistas para treinar modelos de inteligência artificial, reforçando a necessidade de um olhar humano, de governança corporativa e de um debate ético contínuo.
A mensagem final para os profissionais e estudantes da área foi de adaptação e aprendizado. “Eu sempre falo: estudem. Estudem prompt, aprendam a usar a seu favor, corram atrás”, aconselhou o influenciador Guilherme Damiani.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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