Uma nova e bombástica reportagem do site Game File alega que a Ubisoft cancelou um ambicioso novo jogo da franquia Assassin’s Creed que teria como protagonista um homem negro ex-escravizado, lutando contra a ascensão da Ku Klux Klan no período da Reconstrução Americana, após a Guerra Civil. Segundo a publicação, que cita cinco funcionários e ex-funcionários da empresa, a decisão de engavetar o projeto teria sido tomada por medo da repercussão e da controvérsia política.

A revelação, que detalha um dos jogos mais ousados e politicamente carregados já concebidos para a série, gerou frustração na equipe de desenvolvimento, que viu a decisão como uma capitulação da empresa diante de possíveis reações negativas online.

O Assassino que lutaria contra a Ku Klux Klan

De acordo com a reportagem, o jogo cancelado levaria a franquia a um de seus cenários mais modernos: os Estados Unidos das décadas de 1860 e 1870. O protagonista seria um homem negro, anteriormente escravizado no Sul, que se mudaria para o Oeste em busca de uma nova vida. Lá, ele seria recrutado pelos Assassinos e retornaria ao Sul para lutar por justiça, em um conflito que o colocaria em confronto direto com a Ku Klux Klan.

‘Muito político em um país muito instável’

Segundo as fontes ouvidas pelo Game File, a gestão da Ubisoft em Paris teria interrompido o desenvolvimento do jogo em julho do ano passado por dois motivos principais:

  1. A reação negativa online que a empresa enfrentou ao revelar Yasuke, um samurai negro, como um dos protagonistas de Assassin’s Creed Shadows.
  2. A preocupação com o clima político cada vez mais tenso nos Estados Unidos.

“Muito político em um país muito instável, para resumir”, disse uma fonte familiarizada com o cancelamento ao site. Os desenvolvedores teriam ficado frustrados, percebendo a decisão como uma forma de a Ubisoft “ceder à controvérsia”.

O histórico da Ubisoft em evitar temas políticos

A Ubisoft, que não respondeu ao pedido de comentário da reportagem original, tem um longo e controverso histórico de afirmar que seus jogos “não são políticos”, mesmo quando eles claramente abordam temas complexos e divisivos, como nas franquias Far Cry e The Division.

O suposto cancelamento do Assassin’s Creed da Reconstrução, se confirmado, seria o exemplo mais explícito dessa política, mostrando uma relutância da gigante francesa em abordar um dos períodos mais sombrios e importantes da história americana, mesmo que para isso precise sacrificar um projeto ambicioso e com grande potencial narrativo.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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