O ator Sir Anthony Hopkins, 87 anos, revelou que sua esposa, Stella Arroyave, acredita que ele pode estar no espectro autista, mas que ele acha a ideia toda uma “besteira” e “moda”. Em uma entrevista franca ao Sunday Times no último dia 2 de novembro, o vencedor do Oscar por O Silêncio dos Inocentes desdenhou de diagnósticos de neurodivergência, classificando-os como “lixo”.
A declaração polêmica foi dada durante a promoção de seu novo livro de memórias, “We Did OK, Kid”, no qual ele também detalha sua luta contra o alcoolismo.
‘Obcecado por números’
Na entrevista, Hopkins explicou por que sua esposa há 22 anos, Stella, chegou a essa conclusão. O motivo seria seu comportamento metódico. “Sou obcecado por números” e “detalhes”, explicou ele. “Eu gosto de tudo em ordem. E de memorizar. Stella pesquisou e disse: ‘Você deve ter Asperger’. Eu nem sabia do que diabos ela estava falando. Eu nem acredito nisso.”
(Nota: A Síndrome de Asperger é um termo diagnóstico que não é mais usado, tendo sido incorporado ao transtorno do espectro autista (TEA)).
‘É lixo. Chama-se viver’
Quando o entrevistador sugeriu que um “diagnóstico tardio de neurodivergência” poderia trazer alívio, Hopkins foi categórico em sua rejeição.
“Bem, acho que sou cínico porque é tudo besteira. É tudo lixo. TDAH, TOC, Asperger, blá, blá, blá”, disparou o ator. “Ah Deus, chama-se viver. É apenas ser um ser humano, cheio de teias emaranhadas e mistérios (…). Cheio de verrugas e sujeira e loucura, é a condição humana. Todos esses rótulos. Quer dizer, quem se importa? Mas agora é moda.”
Ele concluiu revirando os olhos: “Ah, me poupe.”
‘Não fiz um pingo de trabalho na minha vida’
Hopkins então sugeriu que seu comportamento, em vez de ser um distúrbio, talvez seja “algum tipo de constrangimento” sobre sua profissão como ator. Ele chocou ao afirmar que não considera seu trabalho como “real”.
“Não, eu não fiz um pingo de trabalho na minha vida. Quando olho para minha vida, a realidade é que não tive um emprego decente em toda a minha vida. Não fiz nada exceto aparecer, falar as falas e ir para casa”, disse ele.
“Pessoas lá fora estão cavando as ruas e trabalhando em lojas. Isso é trabalho de verdade. Eu não cavei uma rua. Eu não fiz nada. Eu olho [para mim mesmo] e penso: ‘Não trabalhei um dia na minha vida.’ Essa é a realidade.”
A declaração contrasta com uma das carreiras mais prolíficas e celebradas de Hollywood, que rendeu a Hopkins dois Oscars, quatro BAFTAs, um título de Cavaleiro (Sir) da Rainha Elizabeth II e inúmeros outros prêmios.
As falas contundentes de Hopkins vêm no lançamento de sua biografia, na qual ele também relembra o incidente aterrorizante de 1975 que o levou a admitir que era alcoólatra, quando dirigiu do Arizona a Beverly Hills em um “apagão” total.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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