A crise trabalhista na Rockstar Games escalou para um novo nível. Mais de 200 funcionários atuais do estúdio Rockstar North, em Edimburgo (Escócia), entregaram uma carta formal à alta administração condenando a demissão de 31 colegas e “exigindo a recontratação imediata” deles.
As demissões, ocorridas no início de novembro, são o centro de uma disputa acirrada. A Rockstar alega que demitiu os funcionários por “má conduta grave” (vazamento de informações confidenciais). O sindicato IWGB, no entanto, afirma que foi um ato de “perseguição sindical” (union-busting), já que os demitidos faziam parte de um canal de Discord onde discutiam a organização de um sindicato.
‘Colegas corajosos estão marchando até a porta do chefe’
A carta assinada pelos 220 funcionários atuais é uma demonstração de força e solidariedade sem precedentes no estúdio de GTA.
Um ex-funcionário, chamado de “Peter” pelo sindicato para proteger sua identidade, comemorou o apoio. “É comovente ver tantos de nossos colegas nos apoiando e responsabilizando a administração – durante um período em que a Rockstar quer que nos sintamos assustados, meus bravos ex-colegas estão marchando direto para a porta do nosso chefe e exigindo que nossas vozes sejam ouvidas”, disse ele.
Ele foi direto ao acusar a empresa: “Está claro para todos próximos a esta situação que este é um ato flagrante, sem desculpas e cruel de perseguição sindical.”
Sindicato compara Rockstar à Amazon
O organizador do sindicato IWGB, Fred Carter, subiu o tom das críticas: “Ao decidir demitir mais de 30 membros do sindicato, a Rockstar realizou um ato ao estilo da Amazon de perseguição sindical sem precedentes na indústria de jogos”, declarou. Carter lembrou que a empresa se beneficia de £ 440 milhões em incentivos fiscais no Reino Unido, enquanto demonstra “desdém pela lei” e pela vida dos trabalhadores.
A defesa da Rockstar: ‘Má conduta grave’
A Rockstar Games continua a negar veementemente as acusações de perseguição sindical. A empresa insiste que as demissões ocorreram por “má conduta grave, e nenhuma outra razão”.
Em comunicado anterior, o estúdio afirmou: “Na semana passada, tomamos medidas contra um pequeno número de indivíduos que foram flagrados distribuindo e discutindo informações confidenciais em um fórum público, uma violação de nossas políticas da empresa. Isso não teve, de forma alguma, relação com o direito das pessoas de se filiarem a um sindicato.”
O sindicato IWGB já entrou com uma ação legal contra a Rockstar. Novos protestos estão planejados para hoje em frente aos escritórios da Take-Two (empresa-mãe) em Londres e Paris, e em Edimburgo na próxima terça-feira (18).
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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