logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | Bom Comportamento - Os equívocos de uma nova tendência

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•18 de outubro de 2017•6 Minutes

O novo longa-metragem dos irmãos Benny e Josh Safdie (os mesmos de Amor, Drogas e Nova York) é mais um exemplar do tipo de cinema nocivo realizado atualmente, caracterizado, principalmente, por desprezar completamente a câmera e a capacidade que esta tem de potencializar uma história. De uma maneira análoga aos recentes O Filho de Saul e Mãe!, filmes nos quais os seus respectivos diretores acharam que, para entrarmos em contato com diferentes sensações, precisamos testemunhar o mundo exclusivamente a partir da subjetividade e reações dos personagens, Bom Comportamento nos oferece um visual focado quase que inteiramente nas faces e movimentos de seus atores.

Costumeiramente, é dito que, caso haja uma justificativa no roteiro, o emprego de tal recurso pode beneficiar consideravelmente a história. Particularmente, não lembro de ter visto muitos filmes que tenham desfrutado do emprego total dessa lógica visual ou de suas variações mais próximas (como câmera subjetiva, subjetiva reversa e câmera na mão acompanhando as costas dos personagens). Em verdade, os que me vêm à memória funcionam apesar delas (como algumas obras dos irmãos Jean-Luc e Pierre Dardenne). Geralmente, esses casos bem-sucedidos são filmes cujas performances hipnotizam e nos quais há uma história tão poderosa que é quase impossível reagir indiferentemente a ela.

Infelizmente, esse não é o caso de Bom Comportamento. A performance de Robert Pattinson como o ladrão que se arrepende de ter incluído o irmão intelectualmente deficiente (que é interpretado pelo próprio Benny Safdie) em um roubo a banco e parte em uma jornada tragicômica para liberá-lo do hospital ao qual fora enviado após uma briga na prisão é competente e chama a atenção pela visceralidade com a qual o ator se entrega ao papel, o que o faz se afastar das figuras mornas, introspectivas e expressivamente opacas que marcaram a sua trajetória profissional até o momento. Porém, falta-lhe aquela presença em cena potente, capaz de atrair totalmente a nossa atenção e que é característica indissociável dos grandes atores cinematográficos.

Já o roteiro escrito por John Safdie e Ronald Bronstein pouco faz para melhorar a impressão geral. Trabalhando com um protagonista cuja notável persistência encontra equivalência apenas na ausência de quaisquer outras características dignas de serem mencionadas (positivas ou negativas), personagens coadjuvantes que surgem e desaparecem sem deixar uma marca sequer (com um destaque especial para a participação caricata de Jennifer Jason Leigh e a subtrama envolvendo um ladrão, o qual, inacreditavelmente, tem a chance de protagonizar um extenso e desnecessário flashback composto por elipses óbvias) e uma história evidentemente alongada para passar a sensação de que estamos acompanhando um thriller empolgante (quando, na verdade, somente uma cena – a do hospital – é realmente tensa), o texto da dupla não consegue atingir a maioria dos seus objetivos.

Assim, diante dessas falências técnicas e narrativas, a direção poderia ser o porto seguro da produção. Todavia, é, de longe, o ponto mais fraco. Ao longo de toda a narrativa, a câmera é inexistente. Com exceção da cena inicial, quando o close-up do personagem interpretado por Benny expõe o drama de uma alma aprisionada em razão da deficiência cognitiva, todas as aproximações excessivas da câmera não revelam nada. Muito pelo contrário. Tentam esconder a ausência de geografia de cena, planos e contra-planos, uma mise-en-scène descuidada (é impressionante como os diretores sabotam até as interpretações, já que excluem boa parte do trabalho físico dos atores)  e uma decupagem nada interessada em explorar dinâmicas, interações e intimidades. 

Tecnicamente, os destaques positivos ficam por conta da fotografia de Sean Price Williams, que explora sentimentalmente as texturas dos 35 mm (o contraste com as luzes de neon cria um visual decadente e impactante), o figurino, cujo trabalho transmite com competência a sujeira na qual personagens estão inseridos, e a trilha sonora composta pelo grupo Oneothrix Point Never (que agradável surpresa!), a verdadeira responsável pela sensação de urgência. Contudo, mesmo juntas, essas qualidades não gozam do poder de diluir o impacto negativo proveniente de uma direção incapaz de transmitir algo através do trabalho de câmera. No fim, tudo o que resta é a esperança de que desapareça essa tendência absurda de negligenciar os poderes do maior elemento cinematográfico e o cinema genuíno volte a ser praticado pelos cineastas.

Bom Comportamento (Good Time, Estados Unidos – 2017)

Direção: Benny e Josh Safdie
Roteiro: Josh Safdie e Ronald Bronstein
Elenco: Robert Pattinson, Benny Safdie, Jennifer Jason Leigh, Taliah Webster. Barkhad Abdi, Necro
Gênero: Thriller
Duração: 101 minutos

Mostrar menosContinuar lendo

Redação Bastidores

Perfil oficial da redação do site.

Mais posts deste autor

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
Famosos
Maíra Cardi fecha parque e 'leva Jesus' para festa de 7 anos da filha Sophia

Maíra Cardi fecha parque e ‘leva Jesus’ para festa de 7 anos da filha Sophia

Maíra Cardi celebrou os 7 anos da filha Sophia com uma festa luxuosa em um…


by Matheus Fragata

Listas
5 Documentários imperdíveis e altamente aclamados para ver na Netflix

5 Documentários imperdíveis e altamente aclamados para ver na Netflix


by Patrícia Tiveron

Listas
5 Filmes imperdíveis e aclamados para ver agora na HBO Max

5 Filmes imperdíveis e aclamados para ver agora na HBO Max


by Patrícia Tiveron

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}