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Crítica | Corpo e Alma - Nem todos os filmes de romance são assim

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•1 de março de 2018•6 Minutes

Corpo e Alma conta a história de um romance. Basta somente ler esta frase para já criar uma impressão equivocada a respeito deste longa dirigido e escrito por Ildikó Enyedi: não, não se trata de um filme lúdico ou agradável; estamos falando sobre um filme que gira entorno de um casal que sofre com problemas físicos e psíquicos, cria sequências verdadeiramente incômodas e investe num terceiro ato intenso que usa o perturbador para então chegar a uma resolução (se esta é feliz ou não, aí prefiro manter em sigilo – mas posso dizer que o final de Corpo e Alma resume muito bem a intenção inteira do projeto).

Situada num lugar que está longe de ser dos mais românticos – um abatedouro –, a narrativa nos apresenta a Endre, que trabalha como diretor do local e tem sua atenção chamada por Mária, uma mulher autista que é injustamente rejeitada por seus colegas. Quando uma psicóloga é chamada para analisar os funcionários do abatedouro, Endre e Mária descobrem que compartilharam um sonho em comum: aquele que mostra dois cervos se relacionando numa floresta coberta de neve. A partir daí, os dois vão se aproximando – o que não quer dizer, porém, que o relacionamento será uma paixão convencional.

O casal enfocado em Corpo e Alma é composto por uma série de dificuldades particulares: a começar por Endre, que, além de ter um braço paralisado, é um sujeito que visivelmente não está bem resolvido consigo mesmo. Vendo-se com frequência como protagonista de situações constrangedoras (ao admirar os seios da psicóloga, ele imediatamente se embaraça ao notar que a mulher percebeu o ato falho), o homem é vivido por Géza Morcsányi como uma persona sempre desconfortável com seu meio, indicando uma sensação de apatia e desapego que se reflete em suas expressões constantemente retraídas (e Morcsányi se sai especialmente bem ao sugerir acessos ocasionais de alegria ou esperança através de um leve sorrisinho aqui e um olhar mais emocionado ali).

Já Mária sofre de problemas que vão além do autismo mesmo sendo originados por este, algo que pode ser observado na maneira como seus colegas de trabalho encaram sua personalidade (tanto que a ignorância leva os funcionários a acreditarem que seu comportamento é fruto de pura arrogância, não procurando saber o que realmente se passa na cabeça da mulher antes de julgá-la). Assim, Alexandra Borbély faz um excelente trabalho ao explorar as múltiplas facetas da personagem, deixando em evidência o receio que toma conta de Mária no início, a incompatibilidade que sente ao conviver com outras pessoas, o esforço árduo que faz para encaixar-se num padrão, a alegria/esperança que exibe de vez em quando e os sintomas da depressão que vêm a partir de certo instante.

São dois personagens claramente atormentados por causa de suas condições (físicas e/ou psicológicas), mas que se aproximam ao enxergarem um no outro uma espécie de estímulo acalentador. É neste ponto, inclusive, que o diretor Ildikó Enyedi encontra espaço para incluir signos que tendem a dizer muito sobre o que está ocorrendo de forma sempre poética: sim, a presença de dois cervos desempenha um papel narrativo óbvio (conceber o sonho que Endre e Mária têm), mas é também interessante que o retorno desta imagem em diferentes momentos da trama acabe refletindo os arcos de ambos os protagonistas. Além disso, Enyedi demonstra inteligência ao mostrar a um boi morto com uma fivela presa à perna a fim de usá-lo para antecipar o que o amigo misógino de Endre dirá sobre as mulheres em geral nos minutos seguintes (e gosto particularmente das cenas onde Mária brinca com bonequinhos para reencenar suas breves conversas com Endre).

Só é uma pena, por outro lado, que o ritmo da projeção seja um pouco mais lento que o ideal, abordando certos acontecimentos de maneira excessivamente morosa e esticando a duração do filme além do necessário (os 116 minutos poderiam ser mais objetivos). De todo modo, não dá para condenar o longa por isso – até porque a frieza com que Enyedi conduz boa parte da história tem tudo a ver com a essência comportamental dos personagens até que eles se descobrem interessados um pelo outro. E mais: como não apreciar um terceiro ato que consegue combinar alegria e nojo com tamanha precisão?

Assim, Corpo e Alma pode até não ser a mais agradável das experiências (e não é), mas é certamente um exercício curioso para qualquer cinéfilo, construindo personagens surpreendentemente vulneráveis e pontuando a narrativa através de simbolismos sempre instigantes. Existem muitos filmes sobre romance, mas posso garantir que nem todos são como Corpo e Alma. Não mesmo.

Corpo e Alma (Testről és lélekről, Hungria – 2017)

Direção: Ildikó Enyedi
Elenco: Géza Morcsányi e Alexandra Borbély
Roteiro: Ildikó Enyedi
Gênero: Drama, Romance
Duração: 116 min

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Redação Bastidores

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