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Crítica | Halloween: A Noite do Terror - O estopim do slasher

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•9 de outubro de 2018•8 Minutes

Os anos 70 eram tempos mais simples para o terror. Naquela época, a ideia de um maluco mascarado perseguindo adolescentes ainda era algo pouco explorado, e viria a explodir com a popularização do subgênero que viria a ser conhecido como slasher. Jason Voorhees em Sexta-Feira 13 e Freddy Krueger na franquia A Hora do Pesadelo são dois dos exemplos mais famosos dessa variante – que ainda trazia O Massacre da Serra Elétrica e Psicose como importantes antecedentes – mas o estopim viria mesmo com o sinistro Michael Myers em Halloween: A Noite do Terror. Grande sucesso de público e crítica na época, é impressionante ver como a obra de John Carpenter permanece relevante e fundamental para o gênero, até hoje.

A trama é ambientada justamente na festa folclórica que da título ao filme, em 31 de outubro de 1978. Na fatídica data, o assassino Michael Myers (Nick Castle) escapa do hospital psiquiátrico onde esteve internado pelos últimos 15 anos, e segue para a cidade de Haddonfield, onde cresceu e cometeu seu primeiro assassinato ainda quando criança. Enquanto psiquiatra Dr. Samuel Loomis (Donald Pleasence) corre para encontrar seu paciente perdido, a jovem Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e suas amigas se veem na mira da fúria insana de Michael.

Aurora da Scream Queen

Simplicidade é a chave para o sucesso de Halloween. Feito sob o modesto orçamento de U$ 300.000, o roteiro de Carpenter e sua então namorada Debra Hill concentra-se mais na criação do suspense e da atmosfera do que uma trama muito elaborada, estabelecendo a fórmula que então tornaria-se consagrada no gênero: grupo de amigos que um a um vai sucumbindo às garras do assassino, geralmente envolto por malícia e sexo como “catalisador” de suas mortes. Antes elaborado como um serial killer de babás (visto que Laurie e suas amigas atuam dessa forma nas horas vagas do colégio), a premissa se torna ainda mais simples por ser um assassino – até então – que inicia seus assassinatos de forma aleatória, usando o terror da noite de Halloween como o clima perfeito. 

Com orçamento limitado, é divertido para aspirantes a cineastas ver como a limitação financeira pode ser um incentivo a criatividade: a icônica máscara de Michael Myers, por exemplo, foi uma máscara do Capitão Kirk de William Shatner comprada por menos de 2 dólares em uma loja de fantasia, ao passo em que a equipe minúscula divida tarefas e funções – com o próprio Carpenter sendo responsável pela trilha sonora. Com exceção da participação de luxo do veterano Donald Pleasence (o primeiro Blofeld da franquia 007, despontando em Só Se Vive Duas Vezes), a maior parte do elenco foi composta por rostos novos, com destaque para Jamie Lee Curtis, aqui em seu papel de estreia. Filha da lendária Vivien Leigh (o grito no chuveiro de Psicose), a atriz daria vida à primeira final girl do gênero, executando com perfeição o papel da garota mais tímida e “inocente” de um grupo de amigas libidinosas.

Escrito em meros 10 dias, o curto roteiro (encostando em ligeiros 90 minutos) é uma história direta e sem floreios, e que se reflete principalmente na brilhante direção de Carpenter.

Mestre das Sombras

Logo na primeira cena, temos algo que até então era inédito no gênero: Carpenter nos coloca no ponto de vista do assassino, e não das vítimas. Acompanhamos o POV do jovem Michael Myers enquanto ele caminha por sua casa com uma máscara e friamente esfaqueia sua irmã, em uma forma chocante e memorável de se iniciar um longa-metragem. Essa técnica se estende pelo restante do filme, onde os planos abertos de Carpenter nos permitem ver Michael andando e se aproximando pelas sombras bem desenhadas pelo diretor de fotografia Dean Cundey, no cenário onde o espectador tem mais informações do que o personagem em cena – e o diretor as usa para construir suspense. Raramente temos um jump scare para demarcar a aparição de Michael nesse tipo de sequência, com antecipação sendo o provocador de medo e ansiedade no espectador.

É uma direção tão segura que Myers não fica limitado apenas a ambientes escuros. Antes mesmo de a “noite do terror” ter início, temos diversos momentos onde o assassino caminha pelas ensolaradas e coloridas ruas do subúrbio americano, com a mera imagem contrastante de seu macacão escuro e a máscara sobre a vibrante paleta de cor dos arbustos verdes sendo o suficiente para nos provocar arrepios. E o fato de termos diversas crianças e adolescentes caminhando fantasiados pela rua durante todo o longa é a desculpa perfeita para que a figura de Myers não provoque estranhamento ou suspeitas durante suas aparições, realmente fazendo jus à ambientação do Halloween.

A frieza de Michael Myers é outro fator digno de nota. Não só pelo fato de termos uma criança de 6 anos matando sua irmã de forma inexpressiva, a qual o Dr. Loomis atribui como uma personificação do “mal” absoluto, o que talvez justifique o fato de que o vilão é virtualmente invulnerável, mas também pelo cuidado de Carpenter e Castle na construção da performance. A máscara por si só já inibe qualquer expressão facial do assassino, assim como a postura dura e rígida compõe o personagem como uma força da natureza que simplesmente atravessa àqueles em seu caminho (especialmente multidões), mas o aspecto mais pavoroso talvez seja observar como Michael reage a toda essa violência. Em uma das cenas mais célebres do longa, Michael empala uma das vítimas na parede. Mesmo que o espectador não tenha uma cena necessariamente gráfica ou sangrenta, a composição do quadro e o tempo em que Carpenter deixa a câmera parada ali, onde o assassino estuda o corpo moribundo com resquícios de curiosidade, nos dizem muito sobre a natureza maléfica do personagem – e contribuem para a solução criativa de uma limitação financeira.

O triunfo da criatividade

40 anos depois, Halloween: A Noite do Terror permanece como um dos clássicos definitivos para o gênero do terror. Popularização do slasher e de recursos narrativos valiosos, o filme de John Carpenter ilustra as infinitas possibilidades de se realizar algo de qualidade com recursos limitados, tendo a criatividade e uma visão sofisticada como força motriz.

Halloween: A Noite do Terror (Halloween, EUA – 1978)

Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter e Debra Hill
Elenco: Jamie Lee Curtis, Donald Pleasence, Nick Castle, Nancy Kyes, P.J. Soyles, Charles Cyphers, Kyle Richards, Brian Andrews, John Michael Graham, Will Sandin
Gênero: Terror
Duração: 91 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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