Nos últimos anos, Hollywood passou por uma transformação significativa em relação à aceitação corporal, promovendo a diversidade de formas e tamanhos. No entanto, a ascensão do Ozempic e de outros medicamentos à base de semaglutida tem desafiado esse progresso, revivendo padrões estéticos considerados inalcançáveis para a maioria das pessoas.

Principais pontos da discussão

  • O Ozempic, originalmente desenvolvido para tratar diabetes, tornou-se um fenômeno entre celebridades em busca de perda de peso rápida.
  • Especialistas apontam que a tendência reverte avanços conquistados na autoaceitação corporal e na saúde mental.
  • Muitas celebridades que antes defendiam a positividade corporal estão visivelmente mais magras.
  • A popularização desses medicamentos pode influenciar negativamente a sociedade ao criar expectativas irreais sobre imagem corporal.
  • Alguns especialistas alertam para efeitos colaterais e a possibilidade de induzir comportamentos prejudiciais relacionados a transtornos alimentares.

A mudança na narrativa da positividade corporal

A Dra. Charlotte Markey, professora de psicologia da Universidade Rutgers, destaca que a disseminação do Ozempic no meio artístico tem alterado significativamente a mensagem sobre autoaceitação. Segundo a especialista, houve um grande avanço nos últimos anos na compreensão de que dietas restritivas não são sustentáveis e que aceitar o próprio corpo é uma alternativa mais saudável. Entretanto, a recente febre dos medicamentos para perda de peso está comprometendo essa evolução.

Famosas como Mindy Kaling, que antes eram reconhecidas pela defesa da positividade corporal, agora aparecem com silhuetas mais enxutas, gerando especulações sobre o uso dessas substâncias. A percepção de que celebridades estão recorrendo ao Ozempic levanta questionamentos sobre o impacto dessa tendência na autoestima do público geral.

A duração da tendência e seus possíveis efeitos

O debate sobre a longevidade dessa moda está em aberto. De acordo com Markey, é possível que o entusiasmo pelo Ozempic diminua conforme seus efeitos colaterais se tornem mais evidentes. A anulação da fome natural pelo medicamento pode levar a comportamentos preocupantes, lembrando sintomas de transtornos alimentares.

Outro ponto relevante é a desigualdade de acesso a esses tratamentos. Celebridades dispõem de recursos como personal trainers, chefs particulares e acompanhamento médico rigoroso, algo inalcançável para grande parte da população. Esse abismo entre o estilo de vida das estrelas e a realidade do público comum contribui para a perpetuação de padrões inatingíveis.

O impacto histórico da pressão estética

A história da indústria do entretenimento está repleta de casos de artistas que enfrentaram desafios devido à imposição de padrões estéticos. Jessica Simpson, por exemplo, revelou ter desenvolvido dependência de pílulas para emagrecer devido às exigências de sua gravadora. Demi Moore também compartilhou que lidou com transtornos alimentares após pressões para perder peso.

Recentemente, rumores indicaram que Kim Kardashian teria usado Ozempic para emagrecer antes do Met Gala 2022, embora a socialite negue. Outras celebridades, como Rebel Wilson, Kelly Clarkson e Oprah Winfrey, admitiram publicamente ter recorrido a medicamentos para controle de peso.

Reflexão sobre os padrões irreais impostos pela mídia

A presença de corpos cada vez mais magros em eventos de alto padrão levanta uma reflexão sobre como a indústria do entretenimento impacta a percepção da beleza. Ao observarmos o comportamento de personalidades influentes, é essencial manter um olhar crítico e compreender que muitos desses resultados são fruto de intervenções inacessíveis para o público em geral.

A cultura da magreza extrema continua sendo uma realidade, mas é necessário questionar o impacto desses padrões e buscar um equilíbrio que priorize o bem-estar físico e mental. O desafio está em promover uma abordagem mais saudável e inclusiva sobre a diversidade corporal, sem reforçar ideais inatingíveis.

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