A segunda temporada de The Last of Us começou com força, mas rapidamente mergulhou em controvérsia após o segundo episódio, “Through the Valley”, que foi ao ar em 20 de abril de 2025. A adaptação fiel — quase quadro a quadro — de uma das decisões mais ousadas do jogo original: a morte abrupta de Joel Miller, interpretado por Pedro Pascal, deixou o público dividido e impactou diretamente os números de audiência da série.
Queda brusca nos números
A estreia da nova temporada atraiu 938 mil espectadores lineares nos EUA. Já o segundo episódio, que encerra o arco de Joel, sofreu uma queda expressiva de 31,5%, registrando apenas 643 mil. Embora o terceiro episódio tenha sinalizado uma leve recuperação, com 768 mil espectadores, o dano já estava feito: parte do público simplesmente não retornou.
Nos agregadores de opinião, o baque também foi sentido. A pontuação do público no Rotten Tomatoes despencou de cerca de 60% para 49%. No Metacritic, a nota dos usuários caiu de 6,3 para 4,1 — sinal de que, para muitos, a morte de Joel não foi digerida com facilidade.
Impacto emocional e estrutura narrativa
Para os fãs do jogo, a morte de Joel já era conhecida. Mas a experiência do videogame permite uma imersão emocional diferente: o jogador é Joel durante horas. A televisão não oferece esse nível de identificação direta, e a decisão de matar o personagem sem muito aviso prévio funcionou mais como um choque do que como catarse.
O episódio foi elogiado por sua fidelidade, mas criticado pelo tom gráfico e pela rapidez da cena. Muitos descreveram a morte como gratuita e excessivamente brutal, com pouca preparação emocional. A impotência de Ellie e a coreografia lenta da cena foram vistas por alguns como dramáticas demais — e por outros, como puramente exploratórias.
Atores, riscos e recepção crítica
A atuação de Kaitlyn Dever como Abby foi amplamente elogiada, mesmo por quem desaprovou a estrutura do episódio. Mas críticos alertaram que a série corre o risco de sacrificar profundidade em nome de choques narrativos. The New Yorker alertou que The Last of Us pode estar cedendo ao espetáculo em detrimento da construção cuidadosa que definiu sua primeira temporada.
Vídeos no YouTube com análises cena a cena tomaram conta da comunidade online, com muitos criadores questionando se a adaptação errou ao não fornecer um amortecedor emocional semelhante ao do jogo.
Um risco narrativo necessário?
Apesar da reação adversa, roteiristas e produtores têm defendido a escolha como um passo necessário para abrir o caminho para o arco de vingança de Ellie — uma história emocionalmente densa que depende da ausência de Joel para funcionar. Ainda assim, a questão permanece: era necessário chocar tanto, tão cedo?
O futuro da série agora depende da habilidade dos criadores em reconquistar a confiança do público e provar que esse momento divisivo foi mais do que uma manobra ousada — foi uma escolha narrativa justificada.