Akiyas: o fenômeno das casas abandonadas no Japão e os desafios para investidores

O Japão enfrenta uma crise habitacional com milhões de casas abandonadas, as akiyas. Descubra os desafios e oportunidades.
Akiyas: o fenômeno das casas abandonadas no Japão e os desafios para investidores Akiyas: o fenômeno das casas abandonadas no Japão e os desafios para investidores
Reprodução

Casas vazias no Japão: o fenômeno das akiyas e os desafios para estrangeiros

No Japão, um fenômeno peculiar vem chamando a atenção: as akiyas, casas abandonadas, se acumulam em um ritmo alarmante. Segundo estimativas recentes, o país conta com cerca de nove milhões dessas propriedades, e o número pode chegar a 11 milhões na próxima década. Isso representa 13,8% do total de habitações no Japão, cenário que reflete uma complexa combinação de fatores demográficos, culturais e econômicos.

O que explica o aumento de akiyas?

A principal razão para o aumento das akiyas é a crise demográfica. Com uma população que encolhe e envelhece rapidamente, muitas casas ficam desocupadas após a morte de seus proprietários ou quando idosos se mudam para asilos. A falta de herdeiros ou o desinteresse dos mesmos em assumir propriedades rurais agravam o problema.

LEIA TAMBÉM  Crítica | Silêncio (2016)

Além disso, o êxodo de jovens em direção às cidades em busca de trabalho contribui para a desertificação das áreas rurais. O resultado? Pequenas comunidades que antes prosperavam agora enfrentam o abandono.

Culturalmente, casas com mais de 30 anos são vistas como obsoletas, e muitos japoneses preferem construir novas residências a reformar imóveis antigos. Superstições locais, como o receio de casas “amaldiçoadas”, também dificultam a venda desses imóveis.

Oportunidades e desafios para estrangeiros

O mercado de akiyas tem atraído estrangeiros interessados em propriedades acessíveis. Com preços que podem começar em 500 mil ienes (aproximadamente R$ 18 mil), essas casas são vistas como uma alternativa econômica para aqueles que buscam um refúgio ou investimento.

LEIA TAMBÉM  Crítica | Chuva Negra – A Batalha do Gaijin

Um exemplo de sucesso é o sueco Anton Wormann, que comprou sete akiyas e as reformou para aluguéis de curto prazo. Após investir cerca de R$ 600 mil, ele alcançou rendimentos mensais de até R$ 62 mil. Wormann, no entanto, alerta sobre os desafios: “É crucial compreender a cultura e estabelecer uma rede local.”

Riscos e complexidades

Investir em akiyas, porém, não é tarefa simples. Além dos elevados custos de reforma, muitas dessas casas apresentam riscos estruturais, especialmente em regiões suscetíveis a terremotos e deslizamentos. A barreira linguística e a complexidade do sistema jurídico japonês são outros obstáculos significativos.

LEIA TAMBÉM  Cientistas descobrem primeiro "buraco negro triplo", deixando a comunidade científica surpresa

Além disso, encontrar os proprietários ou herdeiros das akiyas pode ser uma tarefa complicada, dificultando negociações e transferências de propriedade.

Embora as akiyas representem uma oportunidade única para estrangeiros, é fundamental que os interessados estejam cientes dos custos e desafios envolvidos. Para quem busca um projeto de longo prazo e está disposto a se integrar à cultura japonesa, essas casas podem ser um investimento gratificante. No entanto, o cenário demográfico e as particularidades do mercado japonês exigem cautela e planejamento.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

Ler posts desse autor