Alain Delon: o icônico protagonista do cinema europeu
Alain Delon, o moreno e arrojado protagonista francês que estrelou alguns dos maiores filmes europeus das décadas de 1960 e 1970, faleceu aos 88 anos. Sua família anunciou à agência de notícias AFP que Delon morreu pacificamente em sua casa em Douchy, cercado por seus três filhos e seu cachorro, Loubo.
Uma carreira de clássicos
Delon tinha uma filmografia impressionante, com títulos renomados como “Rocco e Seus Irmãos” (1960) e “O Leopardo” (1963) de Luchino Visconti, “Purple Noon” (1960) de René Clément, “The Eclipse” (1962) de Michelangelo Antonioni, “Mr. Klein” (1976) de Joseph Losey e “Le Samouraï” (1967) e “The Red Circle” (1970) de Jean-Pierre Melville. Suas performances tensas e estoicas, muitas vezes como homens sedutores cheios de turbulência interior, foram marcadas por explosões repentinas de violência e emoção.
Embora fosse um ídolo de matinê na Europa, Delon nunca conseguiu se tornar uma estrela em Hollywood. Ele se mudou para lá em 1964, assinando contratos com a MGM e a Columbia e fazendo um total de seis filmes. Mas ele não conseguiu se destacar e saiu em 1967, logo estrelando os filmes policiais “The Sicilian Clan” (1969) e “Borsalino” (1970), ambos sucessos de bilheteria na França.
Um legado duradouro
Com cerca de 100 filmes em seu nome, Delon também produziu várias dezenas. No entanto, recebeu poucos prêmios em sua vida, ganhando o César francês apenas uma vez, pelo romance “Our Story” de Bertrand Blier de 1984. Em 1995, ele recebeu um Urso de Ouro honorário na Berlinale e em 2019 uma Palma de Ouro honorária em Cannes. Este último prêmio foi marcado por controvérsias devido a acusações de racismo, homofobia e misoginia.
Nascido em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, um subúrbio no sul de Paris, Delon teve uma infância difícil após o divórcio de seus pais. Ele trabalhou brevemente no açougue de seu padrasto antes de ser convocado para o serviço militar. Delon foi dispensado da marinha francesa por mau comportamento, incluindo roubo.
De volta a Paris em 1956, Delon começou a frequentar os clubes e cafés de Saint-Germain-des-Prés, onde conheceu Jean-Claude Brialy, que o levou a Cannes. Sua aparência chamou a atenção de David O. Selznick, que lhe ofereceu um contrato de sete anos, mas Delon escolheu permanecer na França a pedido do diretor Yves Allégret, que lhe deu seu primeiro papel no longa-metragem de suspense “Send a Woman When the Devil Fails” (1957).
Ascensão ao estrelato
Delon rapidamente se tornou um dos atores mais promissores da Europa. Seu grande sucesso veio em 1960 com “Purple Noon”, adaptado do livro “The Talented Mr. Ripley”, de Patricia Highsmith. Ele seguiu com “Rocco e Seus Irmãos”, “The Eclipse” e “O Leopardo”, solidificando sua reputação.
Controvérsias e reconhecimento tardio
Embora tenha enfrentado críticas e controvérsias, Delon sempre se manteve orgulhoso de sua carreira. Ele enfatizava que não se via como um ator tradicional, mas sim como alguém que vivia seus papéis. Esta abordagem única, combinada com sua presença magnética na tela, garantiu que ele deixasse uma marca duradoura na história do cinema.
Delon teve uma vida pessoal tumultuada, incluindo relacionamentos com Romy Schneider, Mireille Darc e Rosalie van Breeman, com quem teve três filhos. Recentemente, seus filhos discutiram sobre seu regime médico e finanças. Apesar das dificuldades, Alain Delon será lembrado como uma das figuras mais icônicas do cinema europeu, cujo talento e carisma transcenderam as telas.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
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