Aviso sobre discriminação de personagens com pele verde divide opiniões, reacendendo discussões sobre sensibilidades culturais e o papel das classificações indicativas.
Desde seu anúncio, a adaptação cinematográfica de Wicked tem enfrentado uma série de controvérsias — do elenco reformulado à experiência de cantar junto nas sessões. Agora, a inclusão de um alerta de gatilho pela BBFC (British Board of Film Classification) voltou a colocar o filme no centro de uma discussão acalorada.
O alerta e suas motivações
O aviso publicado no site da BBFC destaca que o filme contém cenas de discriminação contra Elphaba, a bruxa de pele verde. Segundo o órgão, tais cenas podem ser “perturbadoras e pungentes para algumas audiências”, especialmente por usarem a cor da pele da personagem para demonizá-la.
Essa decisão tem como objetivo alertar os espectadores sobre o conteúdo sensível, algo que é padrão nas classificações da BBFC, mas que acabou gerando reações polarizadas.
Reações públicas e críticas
Enquanto alguns consideram o alerta um gesto necessário para contextualizar o subtexto racial da narrativa, outros veem a iniciativa como um exemplo exagerado de politicamente correto. Frank Furedi, professor de sociologia, ironizou: “Pessoas de pele verde sob ataque? Você não pode inventar isso. Parece que estão vivendo no planeta Bonkers.”
Críticas similares vieram de outros veículos e comentaristas que questionaram a relevância do aviso, alegando que ele infantiliza o público ou cede a um suposto “excesso de sensibilidade”.
O significado do subtexto em Wicked
A cor da pele de Elphaba, frequentemente interpretada como uma alegoria para questões de preconceito e racismo, é um elemento central da narrativa de Wicked. A decisão da BBFC reflete uma tentativa de abordar de forma consciente temas que, embora fantásticos, têm ressonância no mundo real.
Essa postura está alinhada com o objetivo de muitas adaptações contemporâneas, que buscam destacar o subtexto de obras literárias, especialmente aquelas voltadas ao público jovem. Para críticos da decisão, no entanto, o aviso dilui a experiência artística e transforma o conteúdo em um ponto de debate cultural.
Reflexos na indústria e no público
O episódio reacende uma discussão maior sobre o papel das classificações indicativas e da arte em abordar temas sensíveis. Enquanto alguns defendem que as obras devam ser apresentadas de forma crua, outros argumentam que é essencial fornecer contextos que protejam espectadores mais vulneráveis, especialmente crianças.