O ator vencedor do Oscar, Sir Anthony Hopkins, 87 anos, está expondo suas batalhas mais sombrias em uma nova e reveladora biografia, “We Did Ok, Kid” (Ficamos Bem, Garoto), lançada nesta terça-feira (28). Nela, o astro detalha sua longa luta contra o alcoolismo e relembra um episódio assustador em 1975, onde dirigiu bêbado do Arizona até Beverly Hills em um “apagão” total, sem qualquer lembrança de ter feito a viagem.

“Eu poderia ter matado alguém”, escreve o ator no livro. “Eu poderia ter dizimado uma família inteira.”

O ‘apagão’ que o levou à sobriedade

O incidente de 1975 foi o fundo do poço para o ator. Ele conta que, após o “apagão” de carro, perguntou ao seu agente onde estava seu veículo. Foi informado que o encontraram na beira da estrada, por sorte, antes que a polícia o fizesse.

Esse foi o catalisador para sua mudança de vida. Hopkins escreve que, em 29 de dezembro de 1975, o “desejo de beber” simplesmente desapareceu. Ele foi a uma reunião dos Alcoólicos Anônimos e teve uma epifania. “Éramos bêbados”, escreve ele, “e não queríamos mais beber”. Após ficar sóbrio, ele diz ter ouvido uma voz perguntando se ele queria “viver ou morrer”. Quando respondeu que queria viver, a voz disse: “Acabou. Você pode começar a viver.”

Uísque era sua ‘refeição favorita’

O astro de “O Silêncio dos Inocentes” detalha no livro o início de sua relação com a bebida aos 19 anos, referindo-se ao uísque como sua “refeição favorita”. “Eu preferia beber sozinho”, admite. Ele conta que seu primeiro casamento, com Petronella Barker em 1967, foi “o pior período” de sua vida, e que a relação estava “condenada desde o início” por sua “depressão sem limites” e o álcool como seu “pacificador”.

A dolorosa relação com a filha

O alcoolismo e suas decisões na época deixaram cicatrizes profundas em sua vida pessoal, principalmente na relação com sua filha, Abigail, fruto de seu primeiro casamento. Hopkins admite que abandonou a família quando ela era apenas um bebê.

Embora tenha tentado fazer as pazes após ficar sóbrio, a “reunião foi estranha” e o estrago estava feito. “Abigail nunca pareceu capaz de me perdoar por deixar a família quando ela era um bebê”, escreve ele. “Ela tem suas razões. Não posso culpá-la por isso. É a vida. Mas foi e é uma tremenda fonte de dor.”

Em uma entrevista recente ao The New York Times, ele manteve a postura franca sobre o rompimento, que persiste até hoje. “Desejo-lhe o melhor, mas не vou desperdiçar sangue com isso. Se você quer desperdiçar sua vida guardando ressentimento, tudo bem, vá em frente. Supere isso”, disse ele sem rodeios.

A redenção com a terceira esposa

Apesar da dor do passado, Anthony Hopkins celebra a felicidade que encontrou com sua terceira esposa, a proprietária de galeria de arte Stella Arroyave, com quem se casou em 2003. “Ela me abriu completamente”, escreve ele, creditando a ela a ajuda para “superar os velhos sentimentos de arrependimento e ansiedade de uma forma que me libertou”.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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