Atores de captura de movimento e vozes para Games iniciam greve nos EUA
Os profissionais que trabalham na captura de movimentos e gravação de vozes para jogos anunciaram, na última quinta-feira (25), o início de uma greve geral nos Estados Unidos. Representados pelo sindicato SAG-AFTRA, esses atores demonstram insatisfação com os grandes estúdios, que não apresentaram propostas satisfatórias sobre o uso de técnicas de inteligência artificial (IA) no setor.
Contexto da Greve
Esta greve ocorre um ano após a histórica paralisação dos atores de Hollywood, também representados pelo SAG-AFTRA, que durou mais de 100 dias. Caso uma solução não seja encontrada rapidamente, a greve pode impactar significativamente o desenvolvimento e o marketing de títulos de estúdios renomados.
Entre os atores que apoiam a greve estão nomes conhecidos como Troy Baker (Joel em The Last of Us), Jennifer Hale (Comandante Shepard em Mass Effect) e Matt Mercer (Ganondorf em The Legend of Zelda). A paralisação, que começou na sexta-feira (26), busca estabelecer um novo Acordo de Mídias Interativas, substituindo a versão mais recente, que perdeu validade em 2022.
Demandas dos Atores
Duncan Crabtree-Ireland, principal negociador do SAG-AFTRA, afirma que os atores optaram pela greve devido à falta de garantias básicas oferecidas pelos estúdios. “Eles merecem e exigem as mesmas proteções fundamentais que atores de filmes, televisão, streaming e música; remuneração justa e o direito a um consentimento informado sobre o uso da IA com seus rostos, vozes e corpos”, declarou Crabtree-Ireland.
Ele destacou que empresas como Disney, Activision e Electronic Arts lucram bilhões com o trabalho de profissionais que enfrentam condições financeiras inseguras. “Francamente, é surpreendente que esses estúdios de videogame não tenham aprendido nada com as lições do ano passado — que nossos membros podem e vão se levantar e exigir tratamento justo e equitativo com relação à IA, e o público nos apoia nisso”, afirmou Crabtree-Ireland.
Apoio ao Movimento
A última greve dos atores de games ocorreu em 2016, quando exigiram melhores compensações financeiras. O CEO da Epic Games, Tim Sweeney, é um dos apoiadores das demandas atuais, afirmando que os profissionais precisam ser devidamente compensados pelo uso de IA. Sweeney também defende que eles devem ter a opção de recusar o uso de suas interpretações para o treinamento de algoritmos, um direito que deveria se estender a todos os trabalhadores de mídias criativas.
Perspectivas Futuras
A greve dos atores de captura de movimento e gravação de vozes para games representa uma luta importante por direitos e proteções em uma indústria em constante evolução tecnológica. À medida que a inteligência artificial se torna uma ferramenta cada vez mais presente no desenvolvimento de jogos, a necessidade de estabelecer diretrizes claras e justas para seu uso é vital. O apoio de figuras influentes na indústria, como Tim Sweeney, destaca a importância dessa questão não apenas para os atores, mas para todos os envolvidos no setor de entretenimento digital.
A continuidade da greve e suas possíveis resoluções serão observadas de perto, com a expectativa de que as demandas dos profissionais sejam atendidas de maneira satisfatória, garantindo um futuro mais justo e sustentável para a indústria de jogos eletrônicos.
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
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