O retorno triunfal de Jimmy Kimmel à televisão durou apenas uma noite. Após alcançar um recorde de audiência em sua volta ao ar na terça-feira (23), com 6,3 milhões de espectadores, o programa Jimmy Kimmel Live! viu seu público despencar mais de 60% já na noite seguinte, caindo para 2,4 milhões de espectadores.

Os números, divulgados pela Nielsen, mostram que o pico de interesse foi motivado pela curiosidade em torno da polêmica com Charlie Kirk, e não por um ressurgimento sustentado do programa. A queda abrupta alimenta o debate sobre o futuro de Kimmel e a crise de relevância do formato late night tradicional, enquanto a Disney, dona da ABC, tenta focar em métricas de redes sociais para pintar um quadro de sucesso.

O pico de audiência e a queda abrupta

A primeira noite de volta de Kimmel foi, no papel, uma vitória estrondosa: 6,3 milhões de espectadores, seu melhor resultado em mais de uma década. A ABC e a Disney celebraram o número. No entanto, a realidade se impôs 24 horas depois. A audiência da quarta-feira despencou para 2,4 milhões, um número que, embora ainda um pouco acima de sua média de 1,7 milhão em 2025, mostra que a grande maioria do público apareceu apenas para ver a polêmica e não permaneceu.

A polêmica do ‘sucesso’ no YouTube vs. a realidade da TV

Críticos apontam que a Disney e veículos de mídia parceiros, como a CNN, estariam tentando criar uma narrativa de sucesso focando nas milhões de visualizações que o monólogo de retorno de Kimmel obteve no YouTube e no TikTok. No entanto, analistas da indústria, como os do site OutKick, destacam que essa é uma métrica enganosa.

Para as emissoras, afiliadas e, principalmente, para os anunciantes, o que gera a receita principal é a audiência linear, ao vivo, no horário nobre do late night. As visualizações online, embora gerem engajamento, não se traduzem no mesmo retorno financeiro. A queda de 60% a 70% na audiência da TV é o número que realmente importa para a viabilidade comercial do programa.

Um retorno incompleto e o drama das afiliadas

É importante notar que o recorde de audiência da primeira noite foi alcançado mesmo com um “apagão” em quase um quarto do país. Os dois maiores grupos de afiliadas da ABC, Sinclair e Nexstar, se recusaram a transmitir o programa na terça-feira, mantendo o boicote.

As empresas só voltaram a exibir o programa na sexta-feira (26), depois que o colapso na audiência já havia ocorrido, mostrando uma profunda divisão entre a rede e suas parceiras locais. No fim, o que parecia ser uma história de retorno se tornou a confirmação de uma tendência de queda a longo prazo, evidenciando que a comédia hiper-partidária de Kimmel pode ter alienado uma parcela significativa do público americano.

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