Matheus Fragata

Microsoft exige margem de lucro recorde do Xbox; meta já causou cortes e cancelamentos

Uma nova reportagem da agência Bloomberg revelou a intensa pressão financeira que a divisão Xbox da Microsoft está enfrentando. Segundo os jornalistas Jason Schreier e Dina Bass, a diretora financeira da Microsoft, Amy Hood, estabeleceu uma meta agressiva para que a divisão de games atinja uma margem de lucro de 30%. O número é significativamente superior à média histórica da indústria de videogames e já teria sido o principal motivo por trás de cancelamentos de jogos aguardados, aumentos de preços e demissões em massa nos últimos 24 meses.

A revelação expõe a mudança de estratégia da Microsoft, que parece estar priorizando a lucratividade do Xbox em detrimento do crescimento a qualquer custo que marcou a era inicial do Game Pass.

A meta de 30%: muito acima da média da indústria

A exigência de uma margem de 30% é considerada extremamente alta para o setor. Dados da S&P Global Market Intelligence, citados pela Bloomberg, mostram que a média de margem de lucro na indústria de games tem variado entre 17% e 22% nos últimos anos, nunca ultrapassando essa marca desde, pelo menos, 2018.

Para efeito de comparação, em 2023, a própria divisão de games da Microsoft reportou uma margem de lucro de apenas 12%. A nova meta representa, portanto, um salto gigantesco e explica as medidas drásticas tomadas recentemente.

As consequências: 'Perfect Dark' e 'Everwild' cancelados

A busca pela margem de 30% já fez vítimas de peso. A reportagem confirma que os cancelamentos dos aguardados Perfect Dark, do estúdio The Initiative (que foi fechado), e Everwild, da Rare, em julho de 2025, foram decisões diretas para atingir a meta financeira. Ambos os projetos estavam em desenvolvimento há cerca de sete anos.

Na época, um memorando interno do chefe do Xbox, Phil Spencer, justificou os cancelamentos como um "foco em áreas de crescimento estratégico", mas a reportagem da Bloomberg agora aponta a pressão financeira como o real motivo.

Aumentos de preço e demissões em massa

Os cancelamentos de jogos são apenas parte da estratégia. Nos últimos dois anos, a Microsoft implementou uma série de aumentos de preço em seus produtos Xbox, incluindo os consoles Series X|S e, mais recentemente, os planos de assinatura do Xbox Game Pass.

Além disso, a empresa realizou demissões em massa que afetaram milhares de funcionários, incluindo cortes significativos na própria divisão Xbox, como parte do esforço para reduzir custos e impulsionar a lucratividade em direção à ambiciosa meta de 30%. A pressão por resultados financeiros parece ser a nova diretriz principal para o futuro do Xbox.

by Matheus Fragata

Exclusivos são 'antiquados', diz presidente do Xbox; entenda a nova estratégia

A guerra dos consoles como a conhecemos pode estar oficialmente com os dias contados. Em uma declaração que ecoa a profunda transformação da indústria de games, a presidente do Xbox, Sarah Bond, afirmou que a ideia de jogos exclusivos está se tornando "antiquada". A fala, de imenso peso vindo da líder de uma das maiores plataformas do mundo, sinaliza a consolidação da nova estratégia da Microsoft: focar em um ecossistema aberto e multiplataforma.

Para Bond, o futuro dos games está na possibilidade de jogar os maiores títulos em qualquer lugar, com qualquer pessoa, independentemente do dispositivo.

O fim da era 'Halo' e 'Gears' exclusivos?

A declaração de Sarah Bond representa uma mudança sísmica na filosofia do Xbox. A marca, que por anos construiu seu sucesso em cima de franquias exclusivas poderosas como Halo, Gears of War e Forza, agora vê esse modelo como ultrapassado. Nos últimos anos, a Microsoft já vinha flexibilizando essa abordagem, levando muitos de seus jogos para o PC e, mais recentemente, até mesmo para plataformas concorrentes como o PlayStation.

"Estamos realmente vendo as pessoas evoluírem muito além disso", disse Bond em entrevista ao site Mashable. "Os maiores jogos do mundo estão disponíveis em todos os lugares. Olhe para Call of Duty, olhe para Minecraft, olhe para Fortnite, olhe para Roblox. É isso que realmente está impulsionando a comunidade nos games."

'Antiquado para a maioria das pessoas'

Para a presidente do Xbox, a ideia de prender um jogo a uma única loja ou dispositivo não faz mais sentido para o consumidor moderno. "É onde as pessoas se reúnem e têm experiências. E a ideia de prendê-lo a uma loja ou a um dispositivo é antiquada para a maioria das pessoas", argumentou. "Você quer poder jogar com seus amigos em qualquer lugar, independentemente do que eles estão usando. E estamos realmente nos apoiando nisso com esta experiência."

O contraste com a Nintendo e a estratégia da Sony

Embora a visão de Bond reflita uma tendência crescente na indústria, a realidade ainda é complexa. A Nintendo, por exemplo, continua a basear seu sucesso em exclusivos de peso como Mario e Zelda, que dificilmente chegarão a outras plataformas. A Sony, embora tenha começado a levar alguns de seus jogos para o PC, ainda investe pesadamente em exclusivos como principal atrativo do PlayStation.

A declaração de Sarah Bond, portanto, parece ser menos uma previsão universal e mais uma declaração de intenções sobre a estratégia específica do Xbox para o futuro: abraçar o multiplataforma como o caminho para o crescimento, mesmo que isso signifique abrir mão da tradicional "guerra de exclusivos".

by Matheus Fragata