As maiores batalhas da Marvel Studios podem não estar mais confinadas às telonas, mas sim ocorrendo a portas fechadas. Novas informações de bastidores sugerem um aprofundamento das divergências entre o chefe da Marvel Studios, Kevin Feige, e o CEO da Disney, Bob Iger. O atrito surge enquanto a empresa lida com uma onda de decepções de bilheteria, conflitos criativos internos e uma agenda de lançamentos para 2026 mais enxuta do que nunca, gerando tensão e incerteza sobre o futuro do Universo Cinematográfico Marvel (MCU).
O calendário de 2026: Um Vingadores no Natal e a “decepção” de Iger
Após a recente decisão da Disney de adiar “Vingadores: Apocalipse” para dezembro de 2026 e “Vingadores: Guerras Secretas” para dezembro de 2027, o estúdio agora tem apenas um filme do MCU oficialmente programado para todo o ano de 2026. Esse único lançamento, o próprio “Apocalipse” – que traria o aguardado retorno de Robert Downey Jr., desta vez no papel do vilão Doutor Destino –, chegará apenas no final do ano, perdendo completamente a lucrativa temporada de verão, tradicionalmente dominada pela Marvel. O único outro filme com a marca Marvel no calendário é “Homem-Aranha: Brand New Day”, da Sony, uma coprodução da qual a Disney lucra apenas 25%.
Essa escassez de conteúdo não teria sido bem recebida por Bob Iger. “Disseram-me que Bob Iger, da Disney, ficará muito decepcionado se conseguir apenas um filme (ou 1,25 filme) da Marvel no ano que vem — no finalzinho do ano, nada menos”, relatou o insider de entretenimento Jeff Sneider. A ironia, aponta Sneider, é que Iger passou o último ano insistindo publicamente que a Marvel precisava “desacelerar” e focar na qualidade em vez da quantidade. Ele cortou conteúdo do Disney+, reduziu o calendário de lançamentos e admitiu que a supersaturação prejudicou a marca. Agora, fontes internas indicam seu descontentamento com a falta de títulos em 2026, revelando uma aparente desconexão entre o discurso público e as expectativas privadas.
Fracassos recentes e a pressão por resultados: O alerta vermelho para Iger
A pressão sobre a Marvel não é sem motivo. A Disney ainda se recupera de uma série de fracassos de alto perfil, incluindo “As Marvels”, “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” e “Capitão América: Admirável Mundo Novo”. Mais recentemente, “Thunderbolts*” teria se tornado um prejuízo de US$ 100 milhões, apesar de uma sólida aprovação de 93% do público no Rotten Tomatoes. O fato de filmes bem recebidos pelos fãs não estarem gerando lucro é um alerta vermelho para Iger.
A batalha pelos X-Men: Visões conflitantes para o futuro mutante
Para agravar a situação, um crescente conflito interno estaria se formando em torno do reboot dos X-Men, considerado por muitos a maior esperança da Marvel para uma reviravolta. De acordo com uma reportagem do Cosmic Book News, citando o perfil de insider Main Middle Man, Kevin Feige e Bob Iger estariam em rota de colisão sobre o tom e a direção do filme.
Feige, supostamente, defende uma abordagem mais realista e com foco social, explorando temas como preconceito, identidade e opressão mutante, em linha com produções recentes como “Eternos” e “Falcão e o Soldado Invernal”. Iger, por outro lado, preocupado com o afastamento do público de títulos com forte carga ideológica, estaria buscando espetáculo, nostalgia e filmes com apelo mais amplo. Sucessos como “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” e “Deadpool & Wolverine” teriam reforçado em Iger a ideia de que os fãs preferem personagens tradicionais, grandes eventos crossover e recompensas emocionais diretas, em vez de “sermões” ou metáforas políticas.
O relógio de Iger e o legado em jogo: Uma crise de liderança na Marvel?
O momento não poderia ser mais crítico para Bob Iger, cujo retorno à liderança da Disney tinha como um dos objetivos “consertar” a empresa após um período de suposto declínio. Com sua saída programada para o final de 2026, um calendário quase vazio da Marvel em seu último ano não seria o legado de triunfo que ele esperava construir, especialmente após ter apostado sua reputação em controlar a superprodução da Marvel e enfatizar a qualidade.
O reboot dos X-Men poderia, teoricamente, mudar o jogo. No entanto, o “cabo de guerra” interno entre Feige e Iger, com visões conflitantes e potenciais atrasos, gera ceticismo. A Marvel não enfrenta apenas uma crise de agenda, mas possivelmente uma crise de liderança. O que acontecer a seguir pode determinar não apenas o futuro do MCU, mas também o capítulo final da era Iger na Disney.