A campanha “Cancele a Netflix”, que ganhou força nos últimos dias após ser amplificada por Elon Musk, está causando um impacto sísmico em Wall Street. Em apenas 36 horas, a gigante do streaming perdeu mais de US$ 15 bilhões em valor de mercado, com suas ações despencando mais de 4% quase que imediatamente. O movimento, que protesta contra o conteúdo infantil da plataforma, se tornou uma das reações de boicote mais rápidas e financeiramente devastadoras da história recente.

Analistas do mercado apontam que a queda vertiginosa da Netflix, em contraste com o impacto muito menor do recente boicote à Disney durante a polêmica de Jimmy Kimmel, revela o poder crescente de boicotes organizados por consumidores conservadores e a influência de figuras como Elon Musk.

O ‘efeito Elon Musk’ e a controvérsia do conteúdo infantil

A campanha “Cancele a Netflix” ganhou tração após críticas sobre a programação infantil da plataforma, como um episódio da série Cocomelon Lane que mostra um menino se vestindo de princesa. Críticos argumentam que a Netflix “cruzou uma linha cultural”. A fúria online explodiu quando Elon Musk usou seu perfil no X (antigo Twitter), com mais de 180 milhões de seguidores, para ampliar as reclamações, resultando em uma onda de cancelamentos de assinaturas e pânico no mercado de ações.

O contraste com o boicote à Disney por Jimmy Kimmel

A reação do mercado à Netflix é drasticamente diferente da vista durante a polêmica da suspensão de Jimmy Kimmel pela Disney, em meados de setembro. Naquela ocasião, uma campanha de boicote liderada por progressistas e celebridades de Hollywood contra a Disney resultou em uma queda mais lenta e menos severa. As ações da Disney caíram cerca de 3,3% em cinco dias, com perdas estimadas entre US$ 3 e 6 bilhões, mas se estabilizaram rapidamente.

Analistas apontam que a queda da Disney também coincidiu com um aumento de preço no Disney+, o que pode ter sido o real motivo de muitos cancelamentos, ofuscando o impacto real do boicote.

O poder dos boicotes conservadores, segundo analistas

O caso da Netflix reforça o que analistas de mercado vêm observando: boicotes liderados por consumidores conservadores têm se mostrado consistentemente mais eficazes em causar danos financeiros a grandes marcas. Os colapsos de imagem e vendas da Bud Light e da Target, e agora a queda vertiginosa da Netflix, são citados como exemplos de como a organização desse público pode impactar diretamente os balanços das empresas.

A razão, segundo especialistas, é dupla: a vulnerabilidade do modelo de negócios da Netflix, que depende exclusivamente de assinaturas, e a imensa influência de figuras como Elon Musk, capaz de mobilizar milhões e mudar a trajetória de uma campanha da noite para o dia, um poder que o apoio de celebridades tradicionais de Hollywood parece não ter mais.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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