Casal morre no mesmo dia após 74 anos de união em Votuporanga: ‘Almas gêmeas até o fim’

Casal morre no mesmo dia após 74 anos de casamento em Votuporanga. História de amor começou com uma corrente e virou legado familiar.
Casal morre no mesmo dia após 74 anos de união em Votuporanga: 'Almas gêmeas até o fim' Casal morre no mesmo dia após 74 anos de união em Votuporanga: 'Almas gêmeas até o fim'
Arquivo pessoal/Reprodução

Casal de Votuporanga morre no mesmo dia após 74 anos de amor: “Vieram, se viram e venceram”

O dia 17 de abril de 2025 marcou o fim de uma das mais belas histórias de amor do interior de São Paulo. Odileta Pansani de Haro, de 92 anos, e Paschoal de Haro, de 94, faleceram com apenas dez horas de diferença, dois dias depois de comemorarem, com a família, os 74 anos de casamento. O casal viveu toda uma vida em Votuporanga, onde construiu uma família numerosa e um legado de amor e solidariedade.

A história começou em 1947, na praça da Matriz de Votuporanga, quando Odileta tinha 15 anos e Paschoal, 18. Segundo o genro, Luciano Leal, o início do romance foi quase acidental: Paschoal brincava com uma correntinha que, ao escapar de suas mãos, caiu no braço de Odileta. O gesto inusitado virou ponte para olhares, sorrisos e o primeiro capítulo de um amor que atravessaria décadas.

Um amor escrito em cartas e selado em vida

O namoro foi marcado por uma troca intensa de cartas, que registravam sentimentos profundos e uma paixão sincera. Em uma das primeiras mensagens, Paschoal escreveu: “Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também”. Odileta, por sua vez, respondeu: “De você não me esqueci e nem hei de esquecer”.

Casaram-se no dia 15 de abril de 1951, data que coincidiu com o 20º aniversário de Paschoal. Tiveram seis filhos, netos e bisnetos. Trabalharam duro — ele em uma loja de tecidos, ela cuidando da casa — mas também encontraram tempo para fazer o bem: fundaram juntos uma entidade beneficente que ajudava mães solteiras e famílias carentes da cidade.

União até o último suspiro

Nos últimos anos, Odileta enfrentou o Alzheimer e passou a ser cuidada por Paschoal, que, por sua vez, foi diagnosticado com câncer no intestino em 2023. O tratamento, segundo os médicos, era apenas paliativo. Sabendo da gravidade, Paschoal passou a fazer uma prece recorrente: que ele e a esposa partissem juntos.

O desejo foi atendido. Odileta faleceu às 7h da manhã, e Paschoal às 17h do mesmo dia. Dois dias antes, reuniram-se com a família para comemorar mais um aniversário de casamento. A data de 15 de abril já era especial por outros motivos: nela também nasceram a primeira neta do casal, Camila, e a primeira bisneta, Athena.

Legado eterno

Luciano Leal, genro do casal, diz que Odileta e Paschoal são a prova viva de que almas gêmeas existem. “Sempre amorosos, sempre dispostos a ajudar o próximo. Dedicaram o amor que tinham entre si ao mundo”, disse emocionado. “Sempre disseram que partiriam juntos. Assim cumpriram. Vieram, se viram e venceram.”

A história do casal, que começou com uma corrente e se eternizou no coração da família, agora inspira quem acredita que o amor verdadeiro existe — e, com sorte, dura até o último suspiro.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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