CEO da Ubisoft defende desligamento de jogos online: ‘Nada é eterno’

O CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, respondeu à campanha “Stop Killing Games”, defendendo o desligamento de jogos como ‘The Crew’ por serem um serviço.
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O CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, foi confrontado diretamente sobre a crescente campanha “Stop Killing Games” (“Parem de Matar os Jogos”, em tradução livre) durante a recente reunião anual de acionistas da empresa. Questionado sobre a prática de tornar jogos online inacessíveis após o fim do suporte, Guillemot defendeu a posição da indústria, argumentando que esses jogos são um “serviço” e que, como tal, “nada é eterno”.

O movimento “Stop Killing Games” é uma petição popular que busca a criação de leis que impeçam as publishers de “destruírem” os videogames que venderam aos consumidores, tornando-os injogáveis. A campanha ganhou força no ano passado, motivada em grande parte pelo desligamento dos servidores do jogo The Crew, da própria Ubisoft, o que gerou uma forte reação negativa da comunidade e até ações judiciais.

A justificativa da indústria: “Nada é definitivo”

Durante a reunião, um “questionador agressivo”, segundo o site Game File, pressionou Guillemot sobre os planos da empresa para a preservação de jogos. Em sua resposta, o CEO afirmou que a Ubisoft opera em um “mercado” e que, ao lançar um jogo com componentes online, a empresa oferece um serviço.

“Nós fornecemos informações sobre o jogo e por quanto tempo ele pode ser jogado. E jogadores e compradores são avisados de que, eventualmente, o jogo pode ser descontinuado”, declarou. “Você fornece um serviço, mas nada é definitivo e, em algum momento, o serviço pode ser descontinuado. Nada é eterno.”

Ele argumentou que a obsolescência do software ao longo de 10 ou 15 anos é um fator natural, e que é por isso que novas versões, como The Crew 2 e The Crew Motorfest, são lançadas.

Uma questão de toda a indústria

Guillemot também ressaltou que este não é um problema exclusivo da Ubisoft. “Todas as editoras de videogames enfrentam esse problema”, disse ele, afirmando que a indústria como um todo está “trabalhando para minimizar o impacto sobre os jogadores”.

Como prova de que a Ubisoft está atenta à questão, ele citou que, após a polêmica com o primeiro The Crew, a empresa anunciou planos para lançar modos offline para suas sequências, The Crew 2 e The Crew: Motorfest, o que garantiria que os jogos continuassem funcionando mesmo após um eventual desligamento de servidores no futuro.

A petição “Stop Killing Games” já acumula quase 1,4 milhão de assinaturas na União Europeia, mostrando que a pressão dos consumidores por uma mudança nas práticas da indústria é cada vez maior. A resposta de Guillemot, embora pragmática do ponto de vista empresarial, dificilmente deve satisfazer os milhões de jogadores que defendem que, ao comprar um jogo, deveriam ter o direito de jogá-lo para sempre.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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