O Festival de Veneza foi palco de uma declaração forte na tarde deste sábado (30), durante a coletiva de imprensa do aguardado Frankenstein, de Guillermo del Toro. O ator Christoph Waltz, conhecido por suas opiniões diretas, resumiu a filosofia do filme em poucas palavras ao ser questionado sobre os efeitos visuais: “CGI é para perdedores”.
A frase, que gerou risadas, reflete a preferência do diretor por efeitos práticos e cenários artesanais, uma marca registrada de sua carreira que foi amplamente elogiada pelo elenco.
A filosofia de del Toro: “proteína para os olhos”
Guillermo del Toro explicou por que insiste na construção de cenários reais em vez de depender de telas verdes. Para ele, o ambiente físico é uma extensão da atuação. “Cenários são guarda-roupas e guarda-roupas são cenários. Atuar é tudo”, afirmou o diretor.
Ele fez uma distinção clara entre o que chama de “colírio para os olhos”, algo apenas bonito, e “proteína para os olhos”, que é o ato de contar uma história. “Se você disser a um ator: ‘olhe para uma bola em uma tela verde’, ou o colocar em um laboratório de verdade, com janelas de verdade, luz de verdade, ele estará reagindo a outro ator”, defendeu del Toro, reforçando que o ambiente real nutre a performance.
Oscar Isaac elogia a atenção aos detalhes
A visão do diretor foi elogiada pelo astro Oscar Isaac, que interpreta o cientista Victor Frankenstein. Isaac destacou que a construção dos cenários vai além do realismo, carregando um forte simbolismo que enriquece a atuação.
“Quando Victor está no quarto do pai novamente, muitos anos depois, tudo é enorme, como se ele fosse criança novamente. Ter essa experiência de verdade (…) traz muito mais significado às performances”, explicou o ator, citando um exemplo prático de como o design de produção do filme o ajudou a compor o personagem.
A estreia de ‘Frankenstein’ em Veneza
A nova versão de Frankenstein por Guillermo del Toro foca no cientista egoísta Victor Frankenstein (Isaac) e sua trágica criação, interpretada por Jacob Elordi. O filme promete ser uma adaptação sombria e emocional da obra clássica.
Apesar da ênfase nos efeitos práticos, del Toro esclareceu que não é contra o uso de ferramentas digitais, desde que usadas corretamente. “Como cineasta, não existe recurso ruim. Existem apenas recursos mal utilizados”, pontuou.
O filme estreia mundialmente no festival hoje à noite, 30 de agosto. Depois, terá um lançamento limitado nos cinemas em 17 de outubro, antes de chegar globalmente à Netflix em 7 de novembro.