Nova diretriz oficial prevê aumento de importações de outras nacionalidades para conter influência americana

A crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China atingiu um novo capítulo nesta quinta-feira (10), quando a Administração de Cinema da China (CFA) anunciou oficialmente a redução das importações de filmes de Hollywood. A medida foi apresentada como resposta direta ao recente aumento das tarifas americanas contra produtos chineses, imposto pelo governo do ex-presidente Donald Trump, que retornou ao cargo neste ano.

Em comunicado oficial, um porta-voz da CFA afirmou que “o abuso das tarifas por parte dos Estados Unidos inevitavelmente reduzirá ainda mais a preferência do público chinês por filmes americanos”. O órgão regulador, que supervisiona as cotas de distribuição cinematográfica no país, prometeu seguir “as regras do mercado” e ampliar a diversidade internacional das produções exibidas no segundo maior mercado de cinema do mundo.

Setor surpreendido e indústria em alerta

A decisão surpreendeu muitos exibidores locais. Fontes do setor disseram ao The Hollywood Reporter que aguardavam positivamente a liberação de Thunderbolts, produção da Marvel agendada para 30 de abril, além do filme de Fórmula 1 com Brad Pitt. A nova diretriz, no entanto, lança incertezas sobre o calendário de estreias americanas no país.

A medida surge logo após o aumento tarifário americano de 125% contra a China. Em resposta, Pequim impôs tarifas de 84% sobre produtos dos EUA. Paralelamente, influenciadores ligados ao governo chinês divulgaram documentos sugerindo contramedidas culturais — incluindo o boicote a produções de Hollywood.

Mesmo com a queda na popularidade dos filmes dos EUA, títulos como Avatar: O Caminho da Água (US$ 246 milhões) e Minecraft: Um Filme (US$ 14,7 milhões na estreia) demonstram que o apelo comercial de Hollywood persiste.

China quer exibir mais filmes de outros países

Atualmente, a China permite a exibição de até 34 filmes estrangeiros por ano com participação nas receitas — com os estúdios ficando com cerca de 25% dos lucros. A nova diretriz não altera oficialmente esse limite, mas sinaliza uma mudança de foco: menos espaço para os EUA e mais para outros mercados.

Apesar das tensões, o mercado chinês apresentou forte recuperação em 2025, com um crescimento de 42% na bilheteria em relação a 2024. Grande parte desse resultado veio do sucesso local Ne Zha 2, que já arrecadou US$ 2,1 bilhões desde seu lançamento no Ano Novo Chinês.

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