Christopher Nolan encerrou as filmagens de sua monumental adaptação do clássico de Homero, The Odyssey (A Odisseia). E, como é tradição do diretor, a produção foi um feito físico extremo: em entrevista à revista Empire, Nolan revelou que passou “quatro meses” no mar e gastou mais de 2 milhões de pés de filme (quase 640 quilômetros!) para capturar o realismo da jornada.
A produção, que durou pouco mais de três meses no total, desafiou uma das regras de ouro de Hollywood: nunca filmar em mar aberto. A estreia do épico está marcada para 17 de julho de 2026.
‘Primal’: Ignorando a ‘Maldição de Waterworld’
Filmar no oceano é considerado uma das tarefas mais difíceis e caras do cinema devido à natureza imprevisível do clima e à dificuldade de repetir tomadas. O caso mais notório é o de Waterworld (1995), de Kevin Costner. Na época, Steven Spielberg (que sofreu horrores em Tubarão) chegou a alertar Costner para não filmar no mar. Costner ignorou o conselho, e o filme se tornou um dos desastres de produção mais caros da história.
Nolan, conhecido por seu “realismo físico”, decidiu ignorar essa maldição de propósito.
“Chamamos a experiência de ‘primal'”, disse Nolan à Empire. “Nós colocamos o elenco que interpreta a tripulação de Odisseu lá fora, nas ondas reais, nos lugares reais.”
2 Milhões de Pés de Filme para Capturar o ‘Salto de Fé’
O objetivo do diretor de Oppenheimer era capturar o terror e a dificuldade que os gregos antigos sentiam ao navegar em um mundo desconhecido, longe da costa.
“É vasto, aterrorizante, maravilhoso e benevolente, à medida que as condições mudam”, explicou Nolan. “Queríamos realmente capturar o quão difíceis essas jornadas teriam sido. O salto de fé que estava sendo dado em um mundo não mapeado, desconhecido.”
Na Grécia Antiga, navegar para longe da terra era um desafio logístico e psicológico imenso, pois a tecnologia para determinar a longitude (a posição leste-oeste) só seria inventada em 1773.
Nolan concluiu que abraçar essa dificuldade foi essencial para a história: “Ao abraçar o aspecto físico do mundo real (…), você é confrontado diariamente pelo mundo ‘dando o troco’ em você.”
Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.
Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.
Contato: matheus@nosbastidores.com.br

