A cineasta brasileira Bárbara Marques foi detida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) em Los Angeles, em circunstâncias que seu marido, o ator e montador americano Tucker May, descreve como uma armadilha. A prisão ocorreu dentro de um prédio do governo, momentos após o casal ter sido informado de que a audiência para a obtenção do green card (residência permanente) de Bárbara havia sido um sucesso.

O caso, que lembra o enredo de um curta-metragem indicado ao Oscar, gerou uma campanha desesperada do marido nas redes sociais, que denuncia as táticas da agência de imigração e as condições alarmantes da detenção da cineasta.

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A prisão com a desculpa da ‘impressora quebrada’

Segundo o relato de Tucker May, a prisão aconteceu de forma enganosa. O casal e seu advogado estavam em uma reunião com agentes de imigração e foram informados de que toda a documentação estava em ordem. No entanto, ao final do encontro, os agentes teriam usado a desculpa de uma “impressora quebrada” para separar Bárbara Marques de seu advogado. Foi nesse momento que ela foi detida por agentes do ICE.

A justificativa oficial para a prisão seria a ausência da cineasta em uma audiência judicial de 2019, da qual o casal alega nunca ter sido notificado.

Condições ‘alarmantes’ na detenção e o apelo do marido

Após a prisão, a cineasta foi levada para o Centro de Detenção de Adelanto, na Califórnia, e recentemente transferida para outra unidade, no Arizona. Em uma ligação para o marido, ela relatou condições alarmantes. Segundo May, os agentes estariam negando a ela um medicamento necessário para uma condição de saúde crônica e alimentando os detidos apenas uma vez a cada 12 horas.

“Estou pedindo ajuda para atrair a atenção da mídia e das autoridades para estes múltiplos lapsos no processo legal, que levaram à injusta detenção de uma mulher cujo casamento legal foi legalmente reconhecido pelas agências de imigração”, escreveu o marido em um apelo por ajuda financeira para custear a defesa.

Um caso que imita a arte e o contexto político

O caso de Bárbara Marques ecoa de forma assustadora a trama do curta-metragem A Lien, indicado ao Oscar de 2025. O filme retrata justamente as estratégias que o ICE utilizaria para enganar e prender imigrantes, mesmo aqueles em processo de legalização, durante reuniões em prédios governamentais.

A prisão da cineasta acontece em um momento de intenso escrutínio público sobre as táticas do ICE. Críticos apontam que, desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, em 2025, os casos de abuso de poder pela agência de imigração têm se multiplicado. Bárbara Marques é autora de curtas-metragens premiados, como Dia de Cosme e Damião (2016) e Cartaxo (2020).

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