O cinema, uma das formas mais poderosas de expressão artística, tem sido alvo constante de censura e perseguição em diversos países. Diretores como Mohammad Rasoulof, indicado ao Oscar com The Seed of the Sacred Fig, enfrentam desafios enormes para contar histórias que desafiam regimes opressivos. Em um painel no Festival Internacional de Cinema de Roterdã, Rasoulof e outros cineastas revelaram como a censura e a autocensura moldam a produção cinematográfica em lugares como Irã, Turquia e Itália.

A batalha de Rasoulof no Irã

Mohammad Rasoulof, que fugiu do Irã após anos de perseguição, falou sobre os riscos de fazer cinema em um país onde a liberdade de expressão é severamente reprimida. Seu filme, The Seed of the Sacred Fig, foi produzido ilegalmente, sem a aprovação do governo, e agora coloca membros de sua equipe em perigo.

“Toda a situação pacificou a comunidade, porque você está em um estado de espera. Não sei qual será a reação deles após o Oscar”, disse Rasoulof, referindo-se ao regime iraniano. Ele acredita que o governo aguarda o resultado da premiação para anunciar um veredito sobre os envolvidos no filme.

Rasoulof também destacou a coragem de sua equipe, que decidiu filmar sem o hijab obrigatório como forma de protesto contra a censura. “A revolta ‘Women Life Freedom’ deu aos meus colegas a coragem necessária para entrar neste projeto”, afirmou.

A “estética da opressão” no cinema iraniano

O diretor descreveu o que chama de “estética da opressão”, uma abordagem que surge como resposta à censura. “Se você ousa fazer um filme muito direto, ele é menosprezado e não percebido como poético o suficiente”, explicou. Rasoulof admitiu que, em seus primeiros filmes, usou metáforas e símbolos como forma de proteção, mas agora busca contar histórias de maneira mais direta.

A censura na Turquia: um risco imprevisível

Na Turquia, a censura atinge especialmente diretores curdos e LGBTQ+. Fırat Yücel, cineasta turco, falou sobre as restrições enfrentadas por quem desafia o governo. “Na Turquia, há censura de financiamento, do governo, de ideias e identidades”, disse Yücel. Ele citou o caso da produtora Çiğdem Mater, condenada a 18 anos de prisão por seu trabalho em um documentário.

Yücel destacou que a censura na Turquia é imprevisível e pode atingir qualquer etapa da produção cinematográfica, desde a concepção até a exibição. “Pessoas foram processadas por fazer filmes, produzir documentários ou mesmo pensar em fazê-los”, afirmou.

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