Beau DeMayo, o criador e showrunner da aclamada série de animação X-Men ’97, publicou uma longa e contundente carta aberta na rede social X, na qual faz uma série de acusações graves contra o Marvel Studios, seu presidente, Kevin Feige, e outros executivos. DeMayo, que foi demitido pouco antes da estreia da série, descreve um ambiente de trabalho “disfuncional”, comparando o processo criativo do estúdio a uma “fábrica de matadouros” que sufoca a inovação e despreza o material original dos quadrinhos.
O roteirista, que nega as alegações de má conduta que levaram à sua demissão, afirma que seu desligamento foi uma retaliação por seus constantes conflitos com os executivos sobre a visão artística dos projetos.
Um “matadouro” criativo e o desprezo pelos quadrinhos
Em seu relato, DeMayo pinta um quadro sombrio das reuniões criativas na Marvel. Ele alega que propostas diretamente inspiradas nos quadrinhos eram frequentemente rejeitadas porque o co-presidente do estúdio, Louis D’Esposito, “não é um grande fã de quadrinhos”.
Ele descreve o feedback dos executivos como genérico, com conselhos como “garanta que seja divertido”, sem uma direção criativa substancial. Em um exemplo específico sobre o conturbado filme do Blade, ele conta que sua proposta de integrar elementos de magia do universo do Doutor Estranho foi descartada porque D’Esposito a considerou “muito cômica” e o astro Mahershala Ali teria resistido ao tom.
O ciúme do sucesso de ‘X-Men ’97’
As acusações mais graves de DeMayo são sobre o tratamento que ele e a equipe de X-Men ’97 teriam recebido. Ele afirma que executivos da Marvel Animation, como Dana Vasquez-Eberhardt, desprezavam os criadores da série original dos anos 90, e que ele mesmo foi repreendido por ser “muito amigável com os fãs”.
Segundo DeMayo, o sucesso estrondoso de X-Men ’97 teria irritado a alta cúpula, incluindo Feige, que não teria se envolvido diretamente na aprovação do projeto. Ele alega que Feige se ressentiu do fato de a série ser vista como um “referendo sobre o que está quebrado” na Marvel e que, por isso, tanto ele quanto D’Esposito não compareceram à estreia da animação.
A demissão e a crítica ao “preguiçoso” Doutor Destino
DeMayo se posiciona como um defensor dos criativos e atribui o declínio de qualidade da Marvel pós-Vingadores: Ultimato à “arrogância” dos executivos, que, segundo ele, passaram a “apaziguar atores e proteger empregos” em vez de confiar nos criadores.
Ele também criticou a decisão do estúdio de escalar Robert Downey Jr. como o Doutor Destino, chamando a escolha de “preguiçosa”. O roteirista afirma estar se recuperando da experiência e escrevendo um filme sobre sua saga na Marvel.
Até o momento, o Marvel Studios não se pronunciou sobre as graves acusações. O desabafo de DeMayo, no entanto, adiciona mais combustível ao debate sobre a atual crise criativa e os problemas de bastidores de um dos estúdios mais poderosos de Hollywood.