Crítica | Abigail – Divertido e com um banho de sangue

Abigail é sanguinolento a um nível que lembra em alguns momentos Evil Dead: A Ascensão (2023).

Obras com vampiros sempre geraram curiosidade do público quando foram adaptadas para o audiovisual, seja em filmes ou séries. Na maioria das vezes, essas produções serviram para contar histórias de terror, mistério e crimes. Em Abigail, longa dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, a jovem Abigail, uma criança de 12 anos e filha do chefe do submundo, é sequestrada por um grupo que tem como objetivo receber uma grande recompensa para liberá-la.

Soa até como spoiler dizer que a menina sequestrada é uma vampira, mas é questão de tempo para que o espectador entenda que aquela criança de aspecto ingênuo esconde uma outra faceta. Toda a construção até que Abigail seja apresentada como uma vampira assassina é cheia de mistério, sobre quem organizou o sequestro, porque a casa está toda trancada, inclusive as janelas. 

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Todas essas perguntas que serão respondidas ao longo da trama criam uma sensação de pânico e tensão que é muito bem aproveitada pela dupla de diretores, especialmente com a escolha acertada de Alisha Weir, atriz mirim de Matilda – O Musical, como protagonista. Weir interpreta uma personagem sádica, cruel e com problemas de relacionamento com seu pai. 

O roteiro de Stephen Shields e Guy Busick trabalha com eficiência o crescente terror envolvendo os sequestradores, que acabam caindo em uma armadilha e não têm para onde ir, a não ser encarar uma vampira secular e sedenta por sangue. Apesar da previsibilidade da trama, de que a criança não é apenas uma criança, o roteiro sabe proporcionar boas reviravoltas, como a que ocorre no fim do primeiro ato e outra que revela o histórico de Abigail e sua relação problemática com seu pai.

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É claro que, em uma produção desse estilo, há vários clichês do gênero, mas só por não contar com os batidos jump scares já é uma virtude. O que torna a experiência de assistir ao filme divertida é o fato de tentar fugir do padrão dos longas de horror, especialmente quando envolvem vampiros. Poucas obras colocam no centro da trama uma criança se divertindo em um tipo de jogo perverso como se estivesse em um escape room.

Os cineastas Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, responsáveis pelo revival de Pânico (2022), iniciaram a carreira com o bizarro V/H/S (2012) e depois ganharam destaque com o divertido Casamento Sangrento, que colocava no centro da trama uma protagonista que precisava sobreviver por uma noite em uma mansão. Em Abigail, eles retornam ao estilo que os consagrou, com uma história muito parecida com a produção de 2019, apenas adicionando mais elementos para tornar a trama ainda mais trash e brutal.

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Abigail é sanguinolento a um nível que lembra em alguns momentos Evil Dead: A Ascensão (2023). A ideia da dupla de cineastas era realmente a de tirar o espectador do lugar comum, sem sustos ou a intenção de causar medo, mas sim com a finalidade de divertir o público, capturando a essência das produções com vampiros e divertindo, assim como a jovem Abigail faz durante a sua noite macabra.

Abigail (idem, EUA – 2024)
Direção: Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett
Roteiro: Stephen Shields, Guy Busick
Elenco: Melissa Barrera, Dan Stevens, Alisha Weir, William Catlett, Kathryn Newton, Kevin Durand, Angus Cloud, Giancarlo Esposito
Gênero: Terror, Suspense
Duração: 109 min.

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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