Crítica | Adeus, Idiotas – Em busca da verdade

O adeus pode ser usado como um simples gesto de despedida por alguém que esteja próximo de uma perda, sendo também utilizado como um gesto poético, como um modo de expressar um adeus mais simbólico, desta forma que se apresenta a premissa de Adeus, Idiotas, longa francês com forte mensagem a respeito das interações humanas.

A trama conta a história de Suze Trappet (Virginie Efira), uma mulher que ficou grávida ainda na adolescência, mas que seus pais tomaram a decisão de doar seu filho sem sua permissão e que agora, a protagonista adulta, quer reencontrar seu filho após anos desaparecido, justamente porque Suze vive um dilema impactante em sua vida. Já o Sr. Cuchas (Albert Dupontel) trabalha como técnico de segurança de TI e está infeliz no trabalho, tenta se matar, mas algo dá muito errado.

São esses acasos da vida que se apresentam apenas nos filmes e que ocorrem em Adeus, Idiotas é que acabam por estimular sentimentos no espectador. É também o acaso que faz com que Suze e Cuchas se cruzem acidentalmente e de uma forma dramática e cômica suas vidas acabam mudando drasticamente. Albert Dupontel (Nos Vemos no Paraíso) além de ser o protagonista também dirige o longa, e coloca mensagens importantes nesta francesa que recebeu doze indicações ao prêmio César, vencendo em sete categorias, incluindo a de Melhor Filme.

A principal mensagem é a respeito da conexão humana e como ao vivermos em um mundo cada vez mais conectado, cheio de máquinas e computadores, essas tecnologias estão nos deixando isolados em nosso próprio mundo, sem nos deixar mais sociáveis. É por isso que existe não apenas o personagem de Cuchas, mas também o do filho de Suze, um homem que também se mostra com problemas de se ambientar a sociedade atual e que também trabalha com TI. É uma crítica ao que está se tornando a sociedade de hoje, com as pessoas cada vez mais isoladas e sem a necessidade de interagirem umas com as outras, fazendo isso apenas através de um “buraco”, que seria a tela do celular ou do computador, algo que acaba sendo representado no início do filme pelo tiro dado por Cuchas na parede de sua sala.

O roteiro coloca como pontapé inicial a personagem Suze iniciando uma busca pelo filho que foi tirado de seus braços ainda quando jovem. Essa busca acaba por se desenrolar durante toda a trama e só não se torna repetitiva justamente por ter surgido o personagem de Cuchas na história. Isso além dos roteiristas terem a inteligência de ter trabalhando o roteiro e irem acrescentando outras relações secundárias, que mesmo não sendo importantes para a narrativa acabaram por prender a atenção do espectador, sempre levando em conta que a protagonista estava em uma busca ao “tesouro”, ou em uma busca ao paradeiro de seu filho.

Um dos pontos altos sem dúvida é o humor desta tragicomédia, que diverte em alguns momentos sem fazer esforço, com situações tão hediondas que beiram ao bizarro. O que o diretor quer propor ao público é que é possível rir dos problemas alheios mesmo que todos tenhamos algum tipo de problema em nossas vidas.

Adeus, Idiotas diverte com questionamentos do cotidiano, mesmo que não reflita algumas ações rotineiras acaba por fazer pensar sobre alguns acontecimentos. Há uma tentativa de se deixar poético demais o final, principalmente aquela última cena, mas acaba por se deixar forçada demais e perde todo o seu encanto, mesmo que o ato final praticado seja justificável pela óptica da dupla de protagonistas o ato em si é bastante irracional.

Adeus, Idiotas (Adieu les cons, França – 2020)

Direção: Albert Dupontel
Roteiro: Albert Dupontel, Marcia Romano, Xavier Nemo
Elenco: Virginie Efira, Albert Dupontel, Nicolas Marié, Jackie Berroyer, Philippe Uchan, Bastien Ughetto
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 87 min

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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