David Ayer é um diretor que ficou marcado após o fracasso retumbante de Esquadrão Suicida (2016), longa da DC que, apesar de possuir uma grande base de fãs, recebeu críticas negativas, colocando o cineasta em evidência. Em sua carreira, Ayer tem vários filmes de ação, mas poucos deles apresentam alguma qualidade positiva.
Jason Statham (Megatubarão 2) interpreta Adam Clay, um apicultor aposentado que vive tranquilamente cuidando de suas abelhas. Entretanto, após sua vizinha e amiga Eloise Parker (Phylicia Rashad) ter suas economias roubadas por um falso call center, em uma cena triste e de grande carga dramática, em que Eloise não aguenta o baque e se suicida. Clay, obviamente, não deixa isso barato e sai à caça dos golpistas em uma trilha sangrenta de vingança.
Não é o melhor filme em que Statham já trabalhou, mas, comparado aos últimos longas de ação com pancadaria que protagonizou, como Os Mercenários 4 e Velozes e Furiosos 10, este é, sem dúvida, um dos melhores. O roteiro de Kurt Wimmer é de qualidade, e a direção de Ayer não deixa a desejar, incluindo momentos de alívio cômico que funcionam e trazendo ótimas cenas de lutas bem coreografadas.
Statham não foge ao papel de durão que sai espancando todos que aparecem em seu caminho sem piedade. Sobrou até mesmo para o gentleman Jeremy Irons (The Flash), que interpreta um vilão à moda antiga, mas com o diferencial de ser um homem de poder e que defende seus interesses sem ser cruel ou um assassino sádico.
O mesmo se pode dizer dos golpistas dos call centers falsos, apresentados como pessoas sem escrúpulos, especialmente o antagonista Derek Danforth (Josh Hutcherson), um mimado de família rica que utiliza sua posição como filho da presidente para cometer crimes. David Ayer desperdiça a oportunidade de criar uma relação mais profunda com Eloise Parker, deixando de trabalhar melhor o relacionamento dele com a vizinha.
Por falar em falta de profundidade, a abordagem sobre a corrupção no meio político se mostra um acerto, mas é feita de modo superficial, sem que ocorra algum debate sobre o assunto. Trazer o tema político para a história é algo que foge das produções em que Statham costuma trabalhar. Geralmente, os filmes em que ele participa são genéricos e sem personalidade, algo de que Beekeeper consegue se distanciar
Beekeeper: Rede de Vingança tem falas sem sentido sobre colmeias e abelhas, que parecem ter sido inseridas na trama apenas para contextualizar a profissão do protagonista. Entre erros e acertos, o longa se mostrou melhor do que o esperado. Agora é aguardar para que uma sequência possa vir e dar maior ênfase para um personagem que, até então, não mostrou a que veio, a não ser cometer uma vingança pessoal.
Beekeeper: Rede de Vingança (The Beekeeper, EUA – 2024)
Direção: David Ayer
Roteiro: Kurt Wimmer
Elenco: Jason Statham, Emmy Raver-Lampman, Bobby Naderi, Josh Hutcherson, Jeremy Irons, David Witts, Michael Epp, Taylor James, Phylicia Rashad, Jemma Redgrave
Gênero: Ação, Suspense
Duração: 105 min.
Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.


