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Crítica | Capone - A loucura de um cineasta refletida no famoso gângster

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•13 de maio de 2020•8 Minutes

Josh Trank foi do Céu ao Inferno em um tempo muito enxuto, representando uma das trajetórias mais polêmicas e trágicas de jovens cineastas engolidos pela máquina de Hollywood. Após estourar como uma das vozes mais originais e promissoras com o ótimo Poder Sem Limites, Trank se viu na mira do ostracismo ao tentar reinventar o Quarteto Fantástico da Marvel em um reboot duramente criticado – e que teve grande interferência do estúdio, que praticamente isolou o diretor de qualquer decisão criativa.

A experiência acabou sendo quase destrutiva para Trank. Qualquer outro projeto com seu envolvimento foi parar na geladeira, como a tentativa de fazer um filme para maiores sobre Venom ou o cancelado longa sobre Boba Fett para a franquia Star Wars. Trank saiu queimado, e ainda tacou fogo no parquinho ao culpar a Fox pelo fracasso de Quarteto Fantástico em seu perfil oficial do Twitter. Agora, Trank retorna com um projeto completamente autoral, executado e financiado por ele mesmo: Capone, um olhar intimista e surreal sobre os últimos dias do famoso gângster americano. 

A trama é ambientada no período de 1946 e 1947, descrito como o último ano da vida de Alphonse “Fonse” Capone (vivido por Tom Hardy), que vai lentamente perdendo sua noção de realidade e coerência graças aos efeitos da sífilis, que vão colocando-o em um estado de demência. Libertado da prisão e não mais considerado uma ameaça, Capone segue aos cuidados de sua família e antigos companheiros, ao mesmo tempo em que tenta se lembrar de uma fortuna supostamente escondida por ele mesmo.

A tentativa de redenção

Capone é uma grande reação à experiência de Trank com a indústria de Hollywood. Se em Quarteto Fantástico o diretor ficou na mordaça do estúdio, tanto na direção da história quanto no corte final, seu projeto (que fora chamado de Fonzo) traz roteiro, direção, produção e até mesmo a montagem assinadas pelo próprio Trank. Essa é a chance de mostrar tudo o que é capaz, o que acaba soando como desespero em alguns momentos de Capone, mas também revela elementos de brilhantismo que ajudaram a tornar sua estreia há quase 10 anos tão promissora. É ao mesmo tempo um pedido de desculpas e um grande portfólio.

A própria decisão de ambientar a história no período final de Capone já é intrigante, já que foi tão pouco explorada no cinema e também intriga historiadores até hoje, tanto pelo mistério do dinheiro perdido quanto pela grotesca doença do gângster. Trank acerta ao capturar o sentimento de nostalgia de Capone e seus seguidores pelos “tempos de glória” onde eram os grandes contrabandistas do período da Proibição nos EUA, marcas bem representadas por diálogos casuais e a constante presença do rádio entre os personagens, que transformou os feitos de Capone em rádios-novela. É uma atmosfera palpável de era chegando ao fim, ao mesmo tempo sendo uma memória afetiva e um sinal alarmante do que virá a seguir – no caso, a família de Capone, que corre o risco de ficar sem nada após a morte de seu patriarca.

A forma como Trank melhor aborda essa questão, e que é indiscutivelmente o grande ponto alto do longa, é na loucura de Capone. O filme conta com diversas sequências de alucinação e até personagens que só existem na mente do protagonista, com o grande destaque sendo aquela cena estendida em que Capone fica preso dentro de um clube de jazz onírico, quase remanescente do Twin Peaks de David Lynch (e essa não é a única conexão do filme com o famoso seriado). É um grande momento, que demonstra a habilidade de Trank como diretor e idealizador de imagens icônicas.

Porém, Capone não parece dizer muito além desse experimento. Ainda que o roteiro gire em torno principalmente da questão do dinheiro escondido, não parece ter nada de interessante ou relevante para dizer ou trazer à tona sobre Al Capone, tampouco sobre seu legado. Não há um grande conflito, a não ser o de torcer para que a família Capone (melhor representada por Mae, vivida por uma eficiente Linda Cardellini) não perca a cabeça ao tentar ajudar o protagonista em seu estado decadente, que inclui acessos de raiva, perda de memória e muitas fraldas sujas de forma escatológica. Há uma subtrama envolvendo agentes do FBI (centrados na figura de Jack Lowden) igualmente atrás da fortuna perdida, mas o perigo nunca é palpável.

Homem ou monstro?

E por falar em escatológico, enfim chegamos ao retrato de Tom Hardy do icônico gângster. Sem trazer Capone em sua figura mais iconográfica, o ator aposta em uma performance digna de um desenho animado, trazendo uma voz aguda e arranhada que demora para fazer o espectador se acostumar, sendo ao mesmo tempo uma figura ameaçadora e um monstro patético que rende momentos de humor involuntário – nem vou mencionar os xingamentos em italiano. É difícil classificar Hardy como bom ou ruim aqui, mas definitivamente é o Capone certo para esse tipo de narrativa proposta por Trank, que culmina na forte imagem do gângster disparando sua Tommy Gun dourada enquanto usa fralda e masca uma cenoura.

Nenhum outro personagem ganha destaque além de Capone. Por mais que Cardelini faça um bom trabalho, sua Mae não tem desenvolvimento algum. O mesmo pode ser dito do misterioso Johnny, um antigo colega de Capone que ganha um retrato carismático de Matt Dillon, mas sem muito impacto na narrativa geral. E fechando a conexão com Twin Peaks que fizemos acima, Kyle MacLachlan ganha destaque como o médico de Capone, que esconde uma segunda intenção curiosa por trás de sua metodologia simpática e aparentemente inofensiva.

Capone talvez não seja o grande retorno que Josh Trank imaginava (ou queria) que fosse, mas certamente mostra que o cineasta tem boas ideias. Há alguns equívocos e exageros em sua condução e na performance de Tom Hardy, mas não deixa de ser uma experiência original e impactante – ainda que, essencialmente, vazia.

Capone, (EUA – 2020)

Direção: Josh Trank
Roteiro: Josh Trank
Elenco: Tom Hardy, Linda Cardellini, Matt Dillon, Kyle MacLachlan, Jack Lowden
Gênero: Drama
Duração: 103 min

Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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