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Crítica | Crash: Estranhos Prazeres - Cronenberg Sem Limites

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•30 de maio de 2018•6 Minutes

Em 1996, David Cronenberg já havia feito os filmes que marcariam sua carreira como A Mosca, Videodrome e Gêmeos: Mórbida Semelhança. Tendo conquistado uma posição de tamanho prestígio na indústria, além de ter apresentado ao mundo uma nova visão sobre horror aliado a elementos sexuais e da mutação do corpo humano, é particularmente curiosa a existência de Crash: Estranhos Prazeres já que, em teoria, é uma obra mais adequada ao experimentalismo temático que o diretor havia desbravado durante os anos 1970 – com Calafrios, por exemplo.

Porém, arriscando e exaurindo uma ideia ao máximo novamente, o cineasta adaptaria livremente o livro de J.G. Ballard para explorar um tabu sexual sob nítida roupagem de filmes eróticos soft core, mas com certo tema que dependerá muito do espectador sobre como interpretar, pois este é facilmente um dos filmes mais vagos do diretor.

Amor Mutilado

O tema tabu que Cronenberg explora vagamente no discurso do filme envolve tanto o vazio existencial da cidade como também a busca intangível pelo prazer sexual nos tempos modernos repletos de estímulos. Para emplacar essa crítica bastante pessoal, nos apresenta ao casal Ballard que tenta renovar o casamento ao abrir livremente as possibilidades de casos extraconjugais para reaver o orgasmo.

James Ballard (James Spader), durante uma viagem de volta para a casa depois de se envolver com sua amante, acaba se acidentando em um grave acidente automobilístico que acaba matando o marido de Helen Remington (Holly Hunter) que dirigia o outro carro. Durante a recuperação, os dois se conhecem e logo desenvolvem um fetiche de transar em carros. Além disso, Helen apresenta uma turma de dublês que recria os acidentes mortais de Hollywood na surdina em busca de adrenalina e excitação. Todos são liderados pelo bizarro Vaughan (Elias Koteas) que apresenta esse submundo autodestrutivo para James.

De longe, esse é um dos filmes mais desafiadores de Cronenberg para o espectador em um nível que até mesmo supera a loucura apresentada em Videodrome que trazia muitas críticas justas e universais em seu conteúdo. O maior problema é toda a artificialidade que permeia a vasta maioria dos personagens assim como a narrativa. O conflito central do resgate do casamento é escanteado rapidamente do mesmo jeito que o desenvolvimento dos personagens.

Cronenberg apenas encadeia acontecimentos fragilmente conectados ao mostrar diferentes cenas de sexo soft core – exatamente como filmes eróticos não explícitos, com quase todo o elenco. Os diálogos apenas tangem o sentimento de depravação e a busca impossível por adrenalina sexual enquanto ficam embebidos com a proximidade da morte ao tomar riscos que até mesmo os acabam deformando permanentemente – consequências dos acidentes replicados.

Logo toda a narrativa se torna uma mera desculpa para exibir acidentes de carro e cenas de sexo abandonando totalmente a questão crítica interessante e original de Cronenberg. Portanto, toda a experiência fica a critério dos significados que o espectador atribuir no material apresentado já que o cineasta não desenvolve nada e exaure a ideia pela repetição incessante de monólogos expositivos pretensiosos e pouco objetivos.

Como tudo é tão vago e repetitivo, é fácil colocar a cabeça para funcionar e tentar encontrar significados perdidos, mas como os personagens são apáticos e robóticos, é difícil persistir nesse exercício mental que não trará grandes resultados ou retornos. Cronenberg apenas deixa a mensagem pairando no ar enquanto distrai o espectador com muito sexo.

É um modo interessante de afirmar a crítica do vazio existencial e do suprassumo de estímulos no próprio filme, mas obviamente é um tiro no próprio ritmo do longa que rapidamente se torna cansativo. Ao menos, ao modo de filmar, Cronenberg se prova um verdadeiro mestre conseguindo elaborar sequências incrivelmente eróticas através de planos detalhes delicados, explorando o tato e sensações térmicas do couro e da lataria dos veículos, entre outras sacadas visuais competentes.

O mesmo ocorre com a decupagem envolvendo as cenas com os carros, seja durante as colisões ou nas perseguições. O diretor consegue sempre estabelecer uma relação nítida entre os integrantes da cena de modo sempre adequado, apesar de logo as possibilidades se repetirem em escolhas de encenação pouco criativas ao longo do filme.

Tabu Intelectualizado

Crash: Estranhos Prazeres é um longa complicado de ser compreendido em totalidade. De muitas maneiras, parece incompleto no discurso, apenas funcionando em certos momentos como uma experimentação cinematográfica irreverente e provocativa. Mais próximo a soft core intelectualizado repleto de pretensão, dificilmente muitos espectadores encontrarão entretenimento ou até mesmo uma filosofia interessante nessa extravagância cronenberguiana.

Crash: Estranhos Prazeres (Crash, Reino Unido, Canadá – 1996)

Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Elenco: James Spader, Holly Hunter, Elias Koteas, Deborah Kara Unger, Rosanna Arquette
Gênero: Erótico, Drama
Duração: 100 minutos

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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