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Crítica | Fahrenheit 451 (2018) - A Desgraça em Chamas

Thiago Nolla Thiago Nolla
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•18 de maio de 2018•8 Minutes
Crítica | Fahrenheit 451 (2018) - A Desgraça em Chamas
Crítica | Fahrenheit 451 (2018) - A Desgraça em Chamas

Fahrenheit 451 é uma das obras de ficções mais conhecidas e aclamadas de todos os tempos. O romance, assinado por Ray Bradbury e lançado ainda na década de 1950, representou um marco no gênero da ficção científica e das vertentes distópicas que se iniciaram anos antes com Admirável Mundo Novo e 1984 – e partindo dessa premissa, é possível colocá-lo em um inquebrantável patamar da literatura clássica e que até hoje serve como tese para analisar governos corruptos, ideologias totalitárias e uma crítica em relação à volúpia da sociedade contemporânea em relação à ignorância. Aceitar a ignorância e a alienação em detrimento de um conhecimento que desde os primórdios da humanidade é explorado com grande afinco.

Como já falamos em diversos textos, a busca por repaginar obras escritas e audiovisuais clássicas – e aqui menciono o longa-metragem dirigido por François Truffaut em 1966 – é constante e até mesmo justificável se pensarmos na boa intenção de aproximar um crescente público millenial movido essencialmente pela imagem de criações atemporais. Entretanto, como já dizia o famoso ditado, “de boas intenções o Inferno está cheio”. E essa frase nunca foi tão bem explanada com a insossa releitura do telefilme realizada pela HBO – o que pode nos deixar bastante chocados, visto que a emisorra é bastante conhecida pela incontestável qualidade de suas inúmeras produções originais (ora, ela é reconhecida por trazer à vida Game of Thrones e Westworld, então não estamos falando de coisas simplórias).

Partindo do mesmo pano de fundo da investida predecessora, a sociedade cedeu a um regime neofascista regrado pela lei do fogo. Uma comunidade contraditoriamente progressista e reacionária que tem como heróis os vários grupos de bombeiros que não seguem mais o que nasceram para fazer, mas que queimam livros. A ideia por trás de tudo isso é que os livros, recheados com histórias fantasiosas, fazem com que os indivíduos pensem, reflitam, cheguem a conclusões e epifanias que o tiram de uma zona de conforto necessária para a manutenção de um amorfismo social. Todo e qualquer romance, digital ou físico, foi banido do mundo pelas mortais chamas desses bombeiros-policiais, emergindo como justiceiros e aplaudidos por aqueles que entregaram seu livre-arbítrio em busca de um bem comunitário e de uma apatia completa.

A trama principal segue a história do jovem Guy Montag (Michael B. Jordan), filho de um bombeiro assassinado que jurou seguir os passos do pai como forma de honrar sua memória – ainda que ela esteja fragmentada em pequenos e constantes frenesis. Guy é respaldada pela imagem também paternal de Beatty (Michael Shannon), chefe da divisão à qual pertence e que duramente repreende aqueles que ousam manter a memória dos livros em alta, conhecidos como eels. E pior: cada uma de suas missões é televisionada para todas as pessoas da gigantesca metrópole em que vivem – logo nas primeiras cenas, vemos os enormes arranha-céus tomados pelas transmissões ao vivo e pelos comentários em tempo real de seus “fãs”.

As coisas mudam de perspectiva quando, durante uma das delegações, Guy sente-se atraído pela imensidão inenarrável de uma biblioteca, escondida há anos em um casarão em ruínas e resguardado por uma velha senhora. Ele, antes de seguir com sua tarefa de eliminar cada um dos romances, esconde um exemplar e acaba se encontrando com Clarisse (Sofia Boutella), uma eel-informante que foi coagida a ajudar os bombeiros em troca da redução de sua pena e de sua marginalização compulsória. É claro que, com o desenrolar da trama, podemos imaginar que o outrora vingativo Guy irá mudar de lado e ajudar aqueles que mais precisam a restaurar o apreço pelos livros.

Olhando para as descrições acima, é quase impossível imaginar que algo poderia dar errado. Infelizmente, estávamos todos enganados: mesmo com um pano de fundo tão bem estruturado, o diretor Ramin Bahrani parece ter perdido em uma triste plenitude o incrível potencial a ser explorado. Na verdade, Bahrani resolveu o problema de reestruturar a clássica obra de Bradbury e de Truffaut de modo preguiçoso e vazio, sem qualquer nexo ou lógica. Não há sentido em absolutamente nada: na motivação dos personagens, nas viradas do roteiro e dos clímaces que se desenrolam de forma tão sutil que passam despercebidos – caso não prestemos bastante atenção ao final do segundo ato, não perceberemos a backstory por trás de Beatty e os motivos que o tornaram extremamente impiedoso. Para falar a verdade, nada disso importa e funciona como um tapa-buraco porcamente colocado.

O roteiro é um festival de frases prontas e clichês, e nem mesmo o conhecido carisma do trio protagonista consegue salvar essa tragédia – e não é por falta de tentativas, mas sim pelos arcos e pela personalidade nem um pouco interessantes de seus personagens. Cada um deles é movido por uma força-motriz linear e unidimensional que não parece tomar forma ou torná-los únicos. Ao contrário, eles se fundem em uma confusão de saídas problemáticas e resoluções ocasionais que nos deixam perdidos em meio a um espetáculo pirotécnico muito exagerado e artificial.

Bahrani ainda tenta se salvar ao brincar com a paleta de cores, a qual funciona na maior parte do tempo. Porém, essa preocupação estética reflete mais um problema pelo qual os remakes atuais passam: respaldar-se exclusiva e unicamente na expressão artística e deixar os outros componentes cinematográficos de lado. Afinal, de que adianta uma bela fotografia ou uma trilha sonora comovente se a estruturação narrativa e até mesmo a montagem são tristemente pensados?

O novo Fahrenheit 451 é errado. Com pouquíssimas exceções, não há muito para se salvar nessa montanha de equívocos – e acho que o pior dentro dessa “contemporânea perspectiva” foi utilizar-se de algo tão belo e majestoso como referência e descontruí-lo em pequenos fragmentos inúteis e ridículos, por falta de outro adjetivo que faça jus a esta desgraça completa.

Fahrenheit 451 (Idem, EUA – 2018)

Direção: Ramin Bahrani
Roteiro: Amir Naderi, baseado no romance homônimo de Ray Bradbury
Elenco: Michael B. Jordan, Sofia Boutella, Michael Shannon, Keir Dullea, Khandi Alexander, Martin Donovan, Lilly Singh
Gênero: Ação, Ficção Científica
Duração: 100 min.

Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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