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Crítica | Mogli: O Menino Lobo 2

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•11 de setembro de 2016•12 Minutes

Até mesmo a lendária Disney já passou por maus lençóis. Com fim de seu primeiro renascimento, período que envolve lançamentos de 1989 a 2000, os estúdios em Burbank passaram pelo Inferno. Trocas de CEOs, mortes de diretores gerais, inúmeras brigas entre times criativos e completa falta de direcionamento comercial. Enquanto o seu renascimento morria, a Disney caminhava para terras cada vez menos férteis. Cheia de dúvidas em relação ao novo milênio e apavorada com os filmes tridimensionais da Pixar e da Dreamworks, essa era foi marcada pelos primeiros experimentos com animação em 3D, poucos lançamentos de relevância e muitas sequências medíocres de seus diversos clássicos.

Nessa onda originada por O Retorno de Jafar, sequência de Aladdin, tivemos uma infinidade de longas razoáveis como Mulan II, O Corcunda de Notre-Dame 2, 101 Dálmatas 2, A Dama e o Vagabundo 2, Tarzan 2, O Rei Leão 2, entre outros. Na maioria das vezes, esses filmes já eram lançados diretamente em home vídeo, VHS ou DVD, para baratear custos de distribuição e exibição. Porém, um deles em particular chegou aos cinemas – oportunidade que eu pude presenciar em 2003 com Mogli – O Menino Lobo 2. Mesmo com nove anos, na época, já não tinha gostado muito. Treze anos depois, a situação desse filme não melhorou em nada.

O filme se passa poucas semanas após os eventos do primeiro filme. Agora vivendo na vila dos homens, enfim, Mogli tenta se adaptar no convívio em uma sociedade com regras e trabalhos, mas também com espaço para a diversão. Porém, ainda há uma grande saudade pelas aventuras na selva com seus amigos Balu e Baguera. Já no meio da natureza, Balu arquiteta um plano para tirar o garoto de dentro da vila. Porém esse reencontro pode colocar a vida de Mogli em risco, já que Shere Khan está ainda mais obstinado em matá-lo.

O roteiro de Karl Geurs sofreu diversas alterações ao longo desta problemática produção. Nada menos que cinco pessoas alteraram ou incluíram algum material novo na já raquítica história. A começar, Geurs tenta conferir mais camadas à Mogli trazendo um conflito cliché sobre a dificuldade de adaptação – ainda que seja interessante o jogo de sair da floresta, mas a floresta não sair dele. Igualmente, a relação com seus pais adotivos é tão pouco inspirada quanto. Até os diálogos conseguem ser clichês neste núcleo narrativo.

Um dos principais problemas residem na construção e, também, desconstrução dos personagens tão bem trabalhados no filme de 1967. Com a oportunidade de criar coisas interessantes com Mogli, Geurs mais se esforça em conferir características ruins no personagem como malícia, inconsequência, rebeldia, egoísmo e narcisismo. Não haveria problema nenhum em tirar a pureza do garoto vinda do filme anterior para mostrar o choque cultura que ele sofre com os homens, fazê-lo, durante a jornada, aprender com seus erros e se redimir no final – afinal trata-se de um filme infantil. Porém nada disso acontece.

O roteirista se esforça em criar conflitos e mais conflitos sem nem ao menos tentar resolvê-los. Isso é nítido quando Balu conta para os outros animais como Mogli descreve Shanti e a vila dos homens. Transtornado com as próprias palavras, ele vai embora, emburrado. Também conectando com outro ponto dito por Mogli, Balu encontra o garoto com Shanti e Ranjan na floresta. Nisso ele assusta as crianças causando outra explosão de ira no protagonista. Não satisfeito em não desenvolver nada disso, no mesmo momento, Geurs já direciona Mogli a ir atrás de Shanti que havia fugido. Nisso, ao encontrar sua amiga aterrorizada, ele descobre que Shere Khan está a sua espera para então direcionar o clímax do longa.

Cinco novos conflitos sucessivos em menos de sete minutos. Não é pressa em terminar o filme. Se trata de algo mais grave: escrita preguiçosa. Voltando ao início do filme, Geurs pouco explora a dinâmica familiar ou o deslocamento de Mogli dentro de uma sociedade. Em um dos novos números musicais, The Jungle Rythm, faz com que o protagonista se comporte como uma espécie de flautista de Hamelin ao atrair diversas crianças da vila, com um “encanto” provocado pela canção, para a floresta e seus perigos. Ainda que tenha a justificativa da inocência da infância, Mogli é sempre instruído a não voltar para a floresta e como seu conflito é mais individual do que coletivo com as outras crianças, esse subtexto torna-se demasiadamente sinistro.

Nessa passagem, há também um pouco das raras cenas destinadas a exibir outro fator que deveria ser um trunfo do filme: a relação de Mogli com Shanti. Mais uma vez, Geurs erra por não estabelecer as coisas direito ou até mesmo a motivação. Shanti é uma garota sempre muito responsável, leal e racional enquanto Mogli age mais, digamos, de modo imaturo, mas nunca é apresentado ou sugerido seu contraponto “selvagem”. A amizade dos dois se limita a algumas brincadeiras inocentes e outras maldosas sempre explorando os seus contrastes – algo interessante, mas também apresentado com rapidez. Ao longo do filme nunca sentimos um nascimento de amizade ou até mesmo de paixão – falha de direção inclusive.

Nesse trio humano há o irmão adotivo de Mogli, Ranjan. O garoto é deveras irritante já que também não há o menor desenvolvimento e seu uso é gratuito com as constantes imitações de animais, principalmente de tigres, que ele faz ao longo do filme – uma atração pelo selvagem muito torpe apenas para sugerir uma conexão com Mogli.

Já com os outros personagens clássicos, o roteirista consegue se atrapalhar mais. Com Balu, ele destrói o discurso de responsabilidade construído no primeiro filme. Os vínculos com Mogli são apenas repetições do que já vimos. Baguera mal aparece, o Coronel Hathi, igualmente – há uma sugestão de temor por parte dos animais pelos homens, mas nada explorado. Shere Khan é irrelevante servindo apenas para o clímax ter algum proposito. Já Kaa tem a participação mais deplorável do longa servindo apenas como um escape de comédia pastelona preguiçosa – pior, acaba mentindo a Shere Khan quando não havia a menor motivação para tal. Até mesmo os abutres aparecem novamente contando com um novo personagem, Lucky, também um alívio cômico que se baseia em péssimos trocadilhos e motivação estúpida.

Nesses usos rasteiros de personagens consagrados, o diretor Steve Trenbirth tenta apostar muito pela nostalgia, mas é tudo falho. De começo o uso da música é sempre muito espalhafatoso jogando fora todo o ritmo singelo e coerente de George Bruns. Nem ao menos para usar os temas clássicos. Apenas Bare Necesseties é reutilizada com uma coreografia muito similar e nada inventiva agregando apenas a comédia slapstick com Kaa. Os outros números musicais são tão básicos, sem graça, com canções que não emplacam no universo de Mogli. Inclusive, Wild é considerada uma das piores canções que o estúdio já produziu para um longa animado em sua história.

Enquanto Trenbirth não sabe utilizar bem os personagens e muito menos as canções, ele orienta a equipe de animação da melhor forma possível. Aproveitando todo o salto tecnológico de 1967 até 2003, o diretor usa e abusa da mobilidade da câmera já limitada em um filme de animação tradicional. Zooms, panorâmicas, cortes certeiros, raccords visuais, toda sua decupagem é bem pensada para que o filme seja fluido e muito orgânico, algo que de fato ele é. Assistir a Mogli 2 é uma tarefa simples e rápida, não chega a entediar ou irritar.

Além disso, há um ótimo uso da iluminação para efeitos dramáticos. Nada fora do convencional, mas é legal observar esse cuidado por parte dos animadores e da direção. Com Shere Khan, há uso de penumbras, luzes incidentais inferiores a sua face para conferir temor e grandeza à sua figura aterrorizante. O fogo interage com o cenário conforme as personagens andam com suas tochas ardentes. Os números musicais recebem show de iluminação de holofotes a la peças daBroadway. Fora o uso mais cuidadoso para modelar onde a luz reflete nos personagens, os conferindo volume. E também ao deixar o cenário bem mais encorpado.

Também é relevante destacar que esse longa tem um elenco com grandes artistas que fizeram jus aos atores originais que dublaram os mesmos personagens em 1967. Destaque para John Goodman dublando Balu e Haley Joel Osment conferindo bastante emoção ao seu Mogli.

Tirando alguns poucos elementos técnicos que realmente deram certo e de ideias interessantes mal aproveitadas pelo roteiro, Mogli – O Menino Lobo 2 é um filme vazio e redundante. Os personagens não conseguem evoluir o quanto deveriam, sua mensagem se perde em meio a um texto tão pobre, a inserção de diversos amigos do filme anterior também não ajuda com sua gratuidade e de pouca relevância narrativa. O rol de novos personagens não cativa, Shanti é desperdiçada, a relação de Mogli com a sociedade é abandonada rapidamente, as canções são feitas com pouca inspiração, além da trilha pecar por abandonar o Jazz. Apostar somente na nostalgia é um fator preguiçoso para uma obra que poderia ser algo mais inteligente caso fosse concebida em outra era dos estúdios Disney. Um legado enorme que foi retomado sem muita vontade, cerimônia ou criatividade.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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