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Crítica | O Caso Richard Jewell - Clint Eastwood e o circo da imprensa

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•30 de dezembro de 2019•6 Minutes

Clint Eastwood não demonstra sinais de fraqueza. Com 90 anos e a energia de um adolescente, o lendário ator e cineasta continua produzindo filmes anualmente, dedicado a explorar – nesta atual fase – diferentes facetas de heróismo nos EUA em uma série de histórias inspiradas em fatos. Começou com Sniper Americano, seguiu-se por Sully: O Herói do Rio Hudson, o péssimo 15h17 – Trem para Paris e agora O Caso Richard Jewell.

A trama é inspirada nos eventos do atentado nos jogos olímpicos da Geórgia em 1996. Trabalhando nas festividades, o segurança Richard Jewell (Paul Walter Hauser) encontra uma mochila misteriosa, que então é revelada como uma bomba ativa. Mesmo com a explosão, a rápida ação de Jewell ajuda a salvar diversas vidas, e o pacato segurança que mora com a mãe (Kathy Bates) é visto como um herói pela comunidade. Porém, quando o FBI inicia uma investigação que coloca Jewell como o principal suspeito de armar os explosivos, a mídia transforma sua vida em um inferno.

O roteiro foi escrito por Billy Ray (do “primo temático” Capitão Phillips) a partir do artigo da Vanity Fair “American Nightmare: The Ballad of Richard Jewell” de Marie Brenner. Como recontagem de eventos, é um trabalho admirável ao optar por narrar toda a trajetória de Richard Jewell como auxiliar de escritório, segurança de universidade e então o caminho que o coloca nos Jogos Olímpicos; onde temos um relato quase documental de como o trabalho de segurança, e também da cobertura do FBI, foram posicionados ali.

O problema fica nesse primeiro ato. A decisão de Ray e Eastwood em acompanhar o cotidiano “pacato” de Jewell é compreensível para que a reviravolta do circo midiático seja mais impactante, mas o resultado é um pouco maçante. Por quase 30 minutos, estamos apenas acompanhando eventos que se alongam demais – como uma sequência descartável que ilustra uma multidão dançando Macarena, talvez em uma tentativa de contextualizar a década de 90.

Quando Eastwood enfim nos leva para o aspecto mais sufocante da trama, as engrenagens giram com mais força, e a mensagem do filme contra o imediatismo e a cultura do sensacionalismo fica bem forte – e relevante. Temos mais um clássico exemplo de narrativa onde o protagonista precisa evitar o escrutínio de jornalistas e repórteres acampados do lado de fora de sua casa, tal como a intrusão do FBI em invadir a casa de sua mãe e confiscar itens aleatórios. E ao mesmo tempo em que sentimos a injustiça sofrida por Jewell, Eastwood é capaz de balancear um bom alívio cômico, principalmente pela entrada de um sensacional Sam Rockwell, que vive o amigo e advogado do protagonista.

Mas se Richard Jewell é tão efetivo quanto acaba sendo, é por conta de Paul Walter Hauser. O ator já havia sido um ladrão de cenas em filmes como Infiltrado na Klan e Eu, Tonya, e tem aqui um papel extremamente suculento e repleto de camadas. Hauser é hábil ao representar Jewell como um homem simpático e bondoso, mas também com um desejo interno fortíssimo de ser levado a sério por seus superiores. Quando vemos Jewell enfim verbalizar essa frustração, rendendo um desempenho mais dramático/emotivo, Hauser brilha e se firma como um dos nomes mais promissores dessa geração.

De forma similar, Kathy Bates faz um trabalho formidável no papel da mãe de Jewell, sendo capaz de garantir um dos momentos mais tocantes da projeção ao desabafar a pressão sofrida em torno da situação toda. É uma cena íntima e poderosa, e que Eastwood comanda com precisão ao mantê-la praticamente em close durante toda a sua duração, alternando sabiamente para reações de alguns personagens – especialmente a jornalista Kathy Scruggs, vivida por Olivia Wilde.

Wilde, inclusive, talvez seja o grande problema do filme inteiro. Na pele da jornalista que vaza a investigação do FBI para o público, e que acaba desencadeando toda a série de eventos negativos na vida de Jewell, Wilde opta por retratá-la como uma personagem de desenho animado: é extremamente maniqueísta e maléfica, literalmente gargalhando com malícia (por uns 2 minutos, sem qualquer interjeição) ao ver seu artigo publicado na primeira página do jornal. É uma escolha narrativa controversa, mas cujo grande problema está no fato de Scruggs ser uma figura completamente descolada desse universo mais realista (afinal, Eastwood até coloca o Jewell real durante uma imagem televisiva), saltando como uma grande  e incongruente caricatura.

Ainda que um pouco mais longo do que o necessário, O Caso Richard Jewell é um drama eficiente que se apoia no roteiro sólido e no talentoso elenco. Paul Walter Hauser tem a chance de mostrar todo seu impressionante potencial dramático, enquanto o Clint Eastwood segue com sua invejável e lendária filmografia.

O Caso Richard Jewell (Richard Jewell, EUA – 2019)

Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Billy Ray, baseado no artigo de Marie Brenner
Elenco: Paul Walter Hauser, Sam Rockwell, Kathy Bates, Olivia Wilde, Jon Hamm, Nina Arianda, Ian Gomez
Gênero: Drama
Duração: 131 min

Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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