logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | O Diabo e o Padre Amorth - O Exorcismo da Credibilidade

Guilherme Coral Guilherme Coral
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•30 de julho de 2018•8 Minutes

Ao pensarmos em exorcismo, se é que qualquer um pensa nisso quando não está diante de um filme do subgênero, é inevitável criarmos a imediata conexão com O Exorcista, de William Friedkin. É praticamente impensável não vir à mente a imagem de uma garota vomitando, se contorcendo e virando a cabeça quando nos pegamos no meio dessa temática, tamanho o impacto do longa-metragem de 1973, que basicamente definiu o caminho a ser seguido pelos outros filmes e séries que viriam a partir daí.

Naturalmente que o anúncio de O Diabo e o Padre Amorth, um documentário que tem como premissa mostrar um exorcismo na vida real, dirigido pelo próprio Friedkin, geraria, no mínimo, curiosidade em qualquer um que tenha apreciado seu clássico do terror.

O documentário, recentemente disponibilizado pela Netflix, no entanto, não poderia ser um melhor testamento de que alguns assuntos devem ser deixados de lado. Em sua aparente tentativa de mostrar o exorcismo de fato, tudo o que Friedkin gera é uma sucessão de risadas e incredulidade, com imagens e narrativa que ora são suspeitas, ora ingênuas demais.

De início, Friedkin que dirige e assina o roteiro, junto de Mark Kermode, já tira do caminho o seu passado envolvendo O Exorcista, mostrando o quanto essa sua obra-prima abriu caminho para o que veríamos nesse documentário. O estranhamento é imediato: o diretor é extremamente presente em praticamente todas as imagens, além da narração, é claro, tanto em off, quanto com ele aparecendo diante dos locais filmados, não muito diferente de Carl Sagan em Cosmos. O problema é que Sagan não parece querer nos convencer de algo que claramente foi forjado, como é deixado claro pela edição de som feita no documentário – mas chegaremos nisso em breve.

Depois de uma breve introdução, com um curto trecho de um dos entrevistados alertando Friedkin de não mergulhar nesse assunto, em uma clara tentativa de esboçar algum tipo de atmosfera de terror, pulamos para o que interessa: o exorcismo em si. Ao menos é o que achamos, primeiro somos apresentados ao padre, evidentemente como forma de atestar sua competência, em planos que percorrem certos locais de Roma, de tal forma que somos mais atraídos pela cidade como local turístico do que, de fato, palco de um ritual que está prestes a acontecer. Não ajuda, claro, no já mencionado estabelecimento de uma atmosfera, que praticamente todas as tomadas sejam diurnas, sem filtros, quebrando qualquer esperança de mergulharmos novamente naquele clássico visual de O Exorcista.

A tal ponto da narrativa, praticamente em sua metade, já deveríamos esperar o que veríamos no exorcismo em si – mas a esperança é a última que morre, claro. No fim, ganhamos dezessete minutos, filmados em uma câmera na mão, de uma mulher “possuída” se debatendo esporadicamente na cadeira (enquanto é segurada), com ocasionais ameaças verbais saindo dela em uma voz gutural muito claramente editada, do tipo que é simplesmente igual a qualquer outro filme de exorcismo já visto. Se ao menos tivessem ensinado à atriz amadora algumas palavras de outro idioma, um mínimo de veracidade poderia ter sido construído, mas nem isso. Como já dito antes, o resultado são risadas e puro tédio, visto que são 17 minutos ininterruptos, com direito à sabotagens do foco automático da câmera. Não ajuda, claro, que o dito exorcismo acaba da maneira mais anticlimática possível, em mais uma tentativa falha de fazer isso tudo soar como algo verdadeiro.

Não contente em ter falhado em entregar de maneira convincente o cerne de sua obra documental, Friedkin segue o ritual com entrevistas a médicos de diversas áreas e universidades, além de padres, a fim de corroborar a veracidade do que foi visto. O diretor teria apresentado a filmagem a esses profissionais que, a partir daí, oferecem cada um de seus pareceres. Acompanhada pela constante verborragia do apresentador/ diretor/ roteirista tudo acaba soando como um espetáculo de picaretagem, com Friedkin praticamente colocando as palavras nas bocas de cada um dos entrevistados. Naturalmente que toda obra, seja ficção ou não, invariavelmente apresenta o ponto de vista de seu realizador, mas, nesse caso, faltou um mínimo de discrição, para que tudo soasse um pouco menos forjado. O resultado não foge muito daqueles falsos documentários do Discovery Channel sobre dragões, fantasmas, OVNIs e afins.

O auge do inacreditável vem na forma do clímax do filme, que traz uma sequência claramente inventada e convenientemente não filmada, apenas narrada, que o diretor, embora carismático, não é capaz de nos vender, deixando-nos com um gosto não amargo, mas de algo completamente sem sal, que soa extremamente amador, o que não deveria estar atrelado à figura do homem que já nos trouxe Operação França e O Exorcista. Vem, portanto, a triste constatação, de que estamos diante de uma obra de alguém que apenas está tentando recapturar as glórias do passado, que tenta, mas não consegue criar qualquer tipo de aceitação por parte do espectador ou o mínimo de tensão. Ele tenta desesperadamente, como podemos ouvir através da dramática trilha, que ocasionalmente irrompe o silêncio do plano de fundo, mas não consegue sequer nos envolver com sua narrativa.

A percepção final que temos é de que testemunhamos uma experiência falha, uma tese incapaz de oferecer argumentos convincentes, que, no fim, falha até mesmo como fugaz entretenimento, já que o tédio toma conta de nós já na primeira metade da projeção.

O Diabo e o Padre Amorth não faz jus à sua premissa e começa a fugir de nossa memória assim que chegamos aos créditos finais. Seja recebido com risadas ou pura decepção, o filme é totalmente eclipsado pelo passado, outrora brilhante, de William Friedkin, que, ao menos, ainda tem O Exorcista como exemplar de filme sobre possessão demoníaca.

O Diabo e o Padre Amorth (The Devil and Father Amorth – EUA, 2017)

Direção: William Friedkin
Roteiro: William Friedkin, Mark Kermode 
Elenco: Gabriele Amorth, Robert Barron, William Friedkin 
Gênero: Documentário
Duração: 68 min.

Mostrar menosContinuar lendo

Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

Mais posts deste autor

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
Famosos
Maíra Cardi fecha parque e 'leva Jesus' para festa de 7 anos da filha Sophia

Maíra Cardi fecha parque e ‘leva Jesus’ para festa de 7 anos da filha Sophia

Maíra Cardi celebrou os 7 anos da filha Sophia com uma festa luxuosa em um…


by Matheus Fragata

Listas
5 Documentários imperdíveis e altamente aclamados para ver na Netflix

5 Documentários imperdíveis e altamente aclamados para ver na Netflix


by Patrícia Tiveron

Listas
5 Filmes imperdíveis e aclamados para ver agora na HBO Max

5 Filmes imperdíveis e aclamados para ver agora na HBO Max


by Patrícia Tiveron

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}