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Crítica | Okja

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•30 de junho de 2017•7 Minutes

A barreira entre as fábulas ocidentais e orientais sempre foi muito latente. É natural que nem todos espectadores mais jovens que se deparam com a arte oriental de Hayao Miyazaki, por exemplo, consigam assimilar as profundas mensagens sobre o crescimento ou ambientais que inundam os filmes do diretor. Mas é difícil encontrar alguém que não fique absolutamente comovido com o espetáculo visual de suas animações feitas à mão. Mas no caso da grande indústria, o tempo é curto, e histórias menos amparadas na “realidade” dos espectadores nem sempre são bem recebidas. Coube a Bong Joon Ho enfrentar esse desafio de unir mundos aparentemente tão distantes.

Okja vem depois de Expresso do Amanhã, primeiro filme anglófono do diretor sul-coreano, baseado no quadrinho do francês Jacques Lob e Jean-Marc Rochette, Le Transperceneige. Depois desse conto distópico, repleto de sadismo e violência caricata, Okja puxa o freio de mão nesse quesito para apresentar uma narrativa “infantil” capaz de atingir o público mais diverso. Essa sobriedade cai muito bem para reger a história de uma garotinha coreana, Mikha (Seo-Hyun Ahn), que vive numa casa na montanha com seu avô e cuida da superporca que dá nome ao filme.

A existência desse animal dá-se graças aos experimentos da empresa Mirando, dirigida pela gerente-celebridade Lucy Mirando (Tilda Swinton). O mundo passa fome e a empresa alimentícia está em busca de soluções. O que a sociedade não sabe, no entanto, ou finge não saber – refletindo  atitudes muito atuais – é que esses experimentos não são tão limpos quanto suas propagandas. A natureza é prejudicada, animais têm suas vidas desperdiçadas em nome da ciência artificial que vai alimentar o estômago dos humanos.

Depois de dezenas de experimentos, o superporco, pelo seu aspecto mais agradável, foi escolhido entre os animais mutantes para ser mostrado ao mundo, antes de ser industrializado em uma série de alimentos. Vários espécimes desses animais foram distribuídos pelo mundo, entre diversos fazendeiros. Em 10 anos, quem conseguisse criar o maior e mais saudável animal, ganharia o torneio promovido pela Mirando.

Okja é criada solta, em contato com a natureza, sem métodos artificiais. O experimento cresce naturalmente. Desse paralelo, nasce a melhor e mais carinhosa das relações entre a garota Mikha e sua superporca. O biólogo Johnny Wilcox (Jake Gyllenhaal), outra excêntrica figura representante da Mirando, (algo como um “Richard, o caçador de aventuras” exagerado) vem buscar Okja para levá-la para Nova York. Daí, se instaura a trama de resgate. Mikha vai atrás de sua amigo e vai encontrar nesse caminho uma equipe de rebeldes da ALF (Animal Liberation Federation), comandada por Jay (Paul Dano), que pretende libertar Okja das garras da empresa, e ainda conseguir desmascarar as atrocidades da Mirando.

Okja segue esse embate entre o um mundo engolido pelo capitalismo, envolto em todo o seu cinismo (bem utilizado na publicidade que antecedeu o lançamento do filme), e um mundo “verde”, resistente e contestador. Juntam-se a esses paralelos, uma discussão sobre tradução em diversos níveis, tanto mais literais, linguísticos, como mais metafóricos, do contato entre mundos distintos.

Também entra em jogo o ótimo uso da computação gráfica, em conjunto com as belas composições e com a fotografia que destaca os contrastes e a variedade das cores, na sua relação com o real – aspecto que o diretor já havia mostrado com muita competência em O Hospedeiro.

Em linhas gerais, trata-se de uma reimaginação mais violenta e direta de A Menina e o Porquinho. O problema é que Okja não consegue suavizar suas mudanças de tom, perdendo coesão. Os primeiros minutos trazem um desnecessário e intragável prólogo dos planos da Mirando. Depois de um empolgante primeiro ato, uma brilhante cena de perseguição, embalada numa jocosa trilha circense, seguem-se passagens arrastadas, que parecem deslocadas. Um problema da estruturação do roteiro e da montagem, que não conseguem deixar no espectador o mesmo nível de engajamento. Desemboca em uma conclusão tocante, agridoce e um tanto egoísta para além da conta. Esqueçamos a cena pós-créditos (será que é um requisito agora para filmes de grandes produtoras?).

Esse problema leva também para uma falta de desenvolvimento dos personagens, que ora parecem mais estereotípicos. O que não seria problema nenhum, mas ao longo da narrativa despontam alguns comportamentos mais complexos – no final das contas, ignorados. Assim como as interpretações, em especial de Swinton e Gyllenhaal, que não empolgam.

Okja está longe de ser perfeito, feito por um diretor muito hábil e versátil, que sabe fazer Spielberg conversar com Oriente como nunca. É um filme em que Bong repete de várias maneiras, e com outra roupagem, momentos bem sucedidos de seus filmes anteriores. Mas seu peso, a sinceridade de suas alegorias, em comparação com outras produções recentes do gênero, ainda é grande. A prova definitiva de que Bong Joon Ho foi uma das escolhas acertadas da Netflix concentra-se na melhor frase do filme: “Não é meu. É propriedade da empresa.”

Okja (idem, EUA, Coréia do Sul– 2017)

Direção: Bong Joon Ho
Roteiro: Bong Joon Ho e Jon Ronson
Elenco: Ahn Seo-hyun, Tilda Swinton, Paul Dano, Jake Gyllenhaal, Byun Hee-bong e Steven Yeun
Gênero: Aventura
Duração: 118 min

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