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Crítica | Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•12 de setembro de 2016•8 Minutes

A obra define o homem. No caso da realização de Charles M. Schulz, a eternidade. Quando alguns jornais compraram a ideia do quadrinista, ele nem imaginava que a turma de Snoopy e Charlie Brown lhe trariam sustento para criar sua família, alegrias, fãs, prêmios e inspiração até a hora de sua morte em 2000 quando perdeu uma breve batalha contra o câncer.

Depois de dezesseis anos da morte de criador e trinta e cinco anos de seu último filme, a turma de Charlie Brown ganhou um novo filme. Um filme extremamente simples e tão fofo e agradável quanto. Mas já aviso que, apesar de ter assistido alguns episódios do desenho animado de Charlie Brown quando era criança e ter lido diversas tirinhas, as aventuras da turma criada por Schulz não me despertam nostalgia – mesmo reconhecendo o valor de todas elas.

O roteiro escrito pelo filho e também pelo neto de Schulz, Craig e Brian, conta a grande aventura de Charlie Brown em busca de conquistar seu primeiro amor: a menininha ruiva que acabara de se mudar para a cidade. Nisso, os dois e o terceiro roteirista, Cornelius Uliano, trabalham diversas passagens que definem o caráter de Charlie Brown em contraponto com seu pessimismo, lamentações e baixa autoestima. Para quem não sabe, Charlie Brown, desde sua concepção, é um nítido azarado. Mesmo tento muitos amiguinhos, ele acredita que ninguém gosta de sua personalidade ou tão pouco dele.

Com ideias simples e muitas referências às tirinhas originais de Schulz, o trio apresenta uma boa história, porém, bastante fragmentada, infelizmente. Características clássicas como a completa falta de habilidade de Charlie Brown para empinar pipas, dancinhas, filosofadas de Snoopy enquanto relaxa no telhado de sua casinha, o fanatismo de Schroeder com Beethoven, a barraquinha de terapia de Lucy estão lá. É um fan service orgânico que, em sua maioria, encaixa na narrativa. Cada passagem do longa apresenta uma nova tentativa de Charlie Brown em conquistar o coração da garotinha – e como todos sabemos, falhar de diversas maneiras muito charmosas. Porém, mesmo que as passagens sejam simples e já exploradas em algumas outras animações, os roteiristas pecam em deixar o filme mais uniforme.

O que prejudica ainda mais a unidade da narrativa são as constantes interrupções para inserir uma segunda história paralela bem fraquinha – aviso que isso é gosto, você pode achar a segunda historinha encantadora. Em diversos momentos, os roteiristas apresentam uma pequena narrativa que mostra Snoopy tentando salvar uma cadelinha, Fifi, das mãos do terrível piloto Barão Vermelho durante a Primeira Guerra Mundial. Não há muito o que explorar aqui. É como se fosse uma demonstração que evocasse como a narrativa principal do filme é tão simples que precisasse de uma história complementar – em parte, é verdade. Porém, seria mais adequado explorar mais a turma de Charlie Brown que fica em escanteio boa parte do longa, aparecendo para reforçar algumas mensagens óbvias perdendo a complexidade que esses personagens apresentam nas tirinhas com tiradas cheias de ironia e fina melancolia.

As interações que levam mais destaque são de Charlie Brown com Snoopy – ótimas cenas que reforçam a imagem da amizade dos dois, com Linus, Lucy e com sua irmãzinha Sally. Nessas sequencias, o longa traz mensagens muito bonitas sobre moralidade e ética. O mais interessante é que isso é apenas interpretativo, nunca é explicitado através de um diálogo expositivo para a plateia. Bom, até o final um tanto anti climático. Infelizmente, no último diálogo importante do longa, todas as qualidades sutilmente apresentadas de Charlie Brown são jogadas por meio de uma exposição tão preguiçosa que quase trucida o trabalho apresentado até então.

Já a direção de Steve Martino traz propostas interessantes, inclusive no uso da animação. Esta é a primeira vez que vemos a turma de Charlie Brown animada em computação gráfica. Curiosamente, a movimentação dos personagens ainda segue a o padrão bidimensional já visto nas animações clássicas – como a do grupo dançando freneticamente ou alguns desenhos vindos diretamente dos quadrinhos como a imagem de Snoopy dançando em seus dois pés alegremente com sua cabeça levantada. É raro vermos alguém atravessando a tela em sua profundidade, mas sempre caminhando entre o canto esquerdo e direito – inclusive a animação dos pés remete ao antigo desenho. Nesses trechos, a câmera sempre se movimenta com travellings ou panorâmicas sem muita função dramática, porém confere o aspecto de tirinhas que o diretor propôs. Logo, o uso do efeito estereoscópico se baseia bastante na contemplação da profundidade de campo bem trabalhada que revelam casinhas, cumes ou alguma vegetação no infinito do enquadramento.

As sequências com Snoopy na Primeira Guerra servem para quebrar esse padrão. Como há muita ação nessas cenas repletas de perseguições com aviões, ali, a animação e a câmera se movimentam livremente pelo cenário. Mesmo assim, teria sido interessante ver alguns trechos com a marcante animação 2D. O diretor também insere os traços tão característicos de Schulz para animar as expressões dos personagens, além de reforçar algum estado de espírito – o redemoinho mal desenhado para indicar frustração ou raiva está presente. Ainda incorporando a espiritualidade das tirinhas, Martino coloca pontualmente algumas onomatopeias visuais como plaft, kromk, tum, tonc!  

Martino trabalha até mesmo com algumas metáforas visuais singelas. O filme tem início no inverno condizendo com a forte repressão da personalidade do personagem de Charlie Brown enquanto camina, durante o filme, para a primavera revelando o “florescer” de Charlie. É básico sim, mas satisfatório. O trabalho com Charlie Brown também é muito bem feito. Impossível não nos apegarmos a ele e sua turma. É um encantamento que o filme irradia com fartura.

O novo e muito bem-vindo filme de Peanuts apresenta a obra maravilhosa de Schulz para uma nova geração. Ainda que não se aprofunde muito no texto mantendo a obra com um tom mais infantil do que as tirinhas, o longa nos conquista com momentos bem elaborados, com pinceladas pontuais do humor característico de Schulz, além de ser muito divertido e leve. É uma ótima pedida para as crianças ou para uma diversão com a família.  Além disso, acredito que a mensagem do longa seja muito relevante para a infância de hoje tão centrada em gadgets eletrônicos e isolamento físico. Uma infância tão diferente da que tive nos anos 1990.

 

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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