logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | Titane vai muito além do horror

Gabriel Danius Gabriel Danius
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•22 de novembro de 2021•7 Minutes

Julia Ducournau se tornou conhecida no mundo do cinema após dirigir e roteirizar o envolvente Grave (2016), em que uma garota estudante de veterinária se descobre obcecada em comer carne humana. É sem dúvida uma produção inteligente e de difícil digestão pelo público. A diretora parece ter gostado de fazer trabalhos complexos do gênero e retorna com o esquisitíssimo Titane, produção vencedora da Palma de Ouro de Cannes em 2021.

Titane é de difícil interpretação, além de ser um longa que é nada fácil de se assistir, muito menos de se assimilar as várias mensagens simbólicas que surgem a cada ação de Alexia. Em alguns momentos a produção passa o sentimento para o espectador de repulsa, não apenas pelo jeito que a violência crua é exibida, mas também pelas várias cenas que geram aflição.

Alexia quando criança sofreu um acidente grave e por isso teve inserido no lugar de parte de seu crânio uma placa de titânio, tal placa irá a acompanhar por toda a vida, e sua cicatriz fica sempre exposta para que Alexia lembre deste dia em sua infância que mudou a sua vida. O longa trata por contar de forma rápida como foi feita a cirurgia e logo corta para mostrar a fase adulta de Alexia, em que presenciamos sua relação problemática com seu pai, que a ignora sempre que possível. Também descobrimos que ela é uma assassina em série e que mata por prazer, e justamente por causa desses crimes foge e acaba se passando por Adrien, o filho desaparecido de Vincent e que há muito o procura.

Toda essa estrutura do roteiro no primeiro ato é contada de um jeito que pode parecer confusa em uma análise inicial. Titane não foi feito para ser compreendido de maneira lógica. Há de se entender que é uma história de uma mulher assassina e que acaba por pegar a identidade de um homem para fugir da polícia, mas não é bem essa mensagem que a diretora quer passar para o público, e é aí que vem a inteligência do roteiro, também escrito por Julia Ducournau.

O fato de Alexia pegar a identidade de Adrien faz com que ela passe a se aceitar como ela é. Essa mudança de identidade vai ficando cada vez mais forte e presente com o tempo, podendo ser representado pelo metal em sua cabeça, um corpo estranho que está dentro de seu corpo. O roteiro sabe bem quais caminhos tomar, e aí vem outra grande sacada, que é a relação de Alexia com seu pai, apresentado nas cenas inicias.

Quando a personagem encontra pela primeira vez Vincent, pai de Adrien, fica claro que há uma relação paternal ali, uma relação de amor e carinho, mesmo Alexia não sendo Adrien. Vincent percebe as mudanças em Alexia/Adrien, principalmente corporal, e mesmo assim aceita seu filho do jeito que ele é. Uma bela mensagem de aceitação e simbolizada por vários elementos que não saltam a cara em um primeiro momento, sendo necessário pensar e se debruçar sobre os acontecimentos para interpretar realmente o que o roteiro quer transmitir ao público.

Em um emblemático e marcante trecho do longa, Alexia se relaciona sexualmente com um carro, algo esquisito e bizarro, que só dá margem a diversas interpretações. Ao engravidar do carro, a protagonista passa por mudanças comportamentais e físicas que vão ficando cada vez mais claras com o desenrolar da trama. Essa gravidez também tem um sentido figurativo, é como se estivesse nascendo uma nova pessoa dentro de Alexia, que seria Adrien.

Já a violência está presente em diversos aspectos da trama, com os assassinatos cruéis cometidos por Alexia e causando muita aflição ao público. Esse extremismo em mostrar a violência na mais pura totalidade de forma explícita simboliza algo para a protagonista, é como se ela estivesse confusa pelo momento que está passando e pelo processo de aceitação de si mesma ainda não ter ocorrido, fato que só acontece no último ato, com a protagonista tendo o bebê.

Ducournau pegou como referência as produções do subgênero do Terror conhecido como body-horror, em que há o uso intencional de violência extrema e perturbadoras do corpo humano. O jeito que a cineasta mostra a protagonista suportando diversas situações agonizantes em relação ao seu corpo, incluindo a cena inicial em que é colocado o titânio em sua cabeça, é um elemento importante para contar a história e a trajetória de Alexia.

A estreante Agathe Rousselle rouba a cena com uma atuação impactante, em que precisa nos mostrar as mudanças pela qual Alexia passa, e faz isso com mérito. Não apenas ela está ótima no papel quanto Vincent Lindon, um ator conhecido por trabalhar em filmes franceses e que em Titane se sai belamente no papel de Vincent, um homem que busca o seu filho e encontra em Alexia/Adrien a pessoa que o ajuda a se redimir de suas angústias pessoais.

Titane é um conto bizarro de terror, com muita violência explícita e sexual, e eficiente em sua mensagem, sobre a busca pela aceitação e sobre relacionamentos pessoais. Sem dúvida é uma para poucos, mas que deve ser vista e revista.

Titane (idem, França/Bélgica – 2021)

Direção: Julia Ducournau
Roteiro: Julia Ducournau
Elenco: Vincent Lindon, Agathe Rouselle, Garance Marillier, Myriem Akheddiou, Bertrand Bonello
Gênero: Drama, Terror, Ficção Científica
Duração: 108 min

Mostrar menosContinuar lendo

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

Mais posts deste autor

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
Famosos
Maíra Cardi fecha parque e 'leva Jesus' para festa de 7 anos da filha Sophia

Maíra Cardi fecha parque e ‘leva Jesus’ para festa de 7 anos da filha Sophia

Maíra Cardi celebrou os 7 anos da filha Sophia com uma festa luxuosa em um…


by Matheus Fragata

Listas
5 Documentários imperdíveis e altamente aclamados para ver na Netflix

5 Documentários imperdíveis e altamente aclamados para ver na Netflix


by Patrícia Tiveron

Listas
5 Filmes imperdíveis e aclamados para ver agora na HBO Max

5 Filmes imperdíveis e aclamados para ver agora na HBO Max


by Patrícia Tiveron

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}