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Crítica | Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é o filme mais original dos últimos anos

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•14 de junho de 2022•9 Minutes
Crítica | Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é o filme mais original dos últimos anos
Crítica | Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é o filme mais original dos últimos anos

Multiversos estão em alta no momento.

O conceito de múltiplas realidades já foi muito explorado por obras da ficção científica, quadrinhos, televisão e até no cinema, mas começa a cair no mainstream graças à onda de filmes de super-heróis contemporâneos, mais notavelmente Homem-Aranha no Aranhaverso, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. E não parece que vai desacelerar, já que diversas outras obras sobre o tema estão atualmente em andamento, seja no gênero de grandes produções de Hollywood ou narrativas do cinema independente.

Mas é preciso uma procura bem grande, através de todas essas infinitas linhas do tempo alternativas, para encontrar um universo onde algum desses projetos seja mais criativo e surtado quanto Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, a excessivamente original nova produção da A24. Provavelmente, seria um trabalho impossível.

Na trama, Evelyn Wang (Michelle Yeoh) é uma proprietária de lavanderia que passa por maus bocados: não bastasse a sofrível declaração de impostos anual que ameaça acabar com o negócio, seu marido Waymond (Ke Huy Quan) quer pedir um divórcio, a doença de seu pai (James Hong) vai piorando e a relação com sua filha Joyce (Stephanie Hsu) fica mais problemática com a chegada de sua namorada. Mas nada prepara Evelyn para a chegada abrupta de um visitante de outro universo, alertando-a de que somente ela pode reunir as forças necessárias para deter uma perigosa ameaça multiversal.

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo: Liquidificador Multiversal

Tendo se destacado na indústria com o adoravelmente bizarro Um Cadáver para Sobreviver, a dupla de diretores Daniel Scheinert e Daniel Kwan (ou simplesmente, os Daniels) oferece um experimento ainda mais estranho e ambicioso. Responsáveis também pelo roteiro de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, o trabalho da dupla é excepcional por conseguir o raríssimo equilíbrio de uma trama de ação gigantesca, com conceitos cabeludos e inúmeros acontecimentos, mas com uma narrativa de família bem forte e emocionante no centro de tudo. Existe uma lógica interna, que segue as diferentes variações de personagens e as exacerbações de conflitos – como a auditora antipática vivida por Jamie Lee Curtis se tornando um monstro lutador em outros universos – que funciona maravilhosamente bem dentro de seu próprio mundo, garantindo uma experiência imprevisível e que transborda criatividade.

Através do dispositivo da montagem paralela, o filme atinge picos de emoção e empolgação gigantescos. Os personagens sempre descobrem das informações e regras do universo no meio da ação, e o conceito dos Daniels é que o “viajante” precisa realizar um gesto completamente bizarro e aleatório para quebrar o fio da linha do tempo, o que abre espaço para uma série de piadas e gags absolutamente hilárias e ridículas, das quais eu prefiro nem entrar em detalhes para preservar a surpresa – mas vale a menção especial para Ratatouille e uma declaração de amor inesperada. Paro por aí.

Um excelente trabalho do montador Paul Rogers, que consegue com maestria equilibrar todas as linhas diferentes e seus respectivos personagens, atingindo um verdadeiro nirvana narrativo durante as cenas com a antagonista central do filme, que pode trocar de figurino, maquiagem e armas em um piscar de olhos; no que certamente foi um árduo trabalho nas ilhas de edição do longa.

O fator Russo

O único aspecto mais decepcionante acerca de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo está em sua escala. Naturalmente, estamos diante de um filme de orçamento muito menor do que aquelas outras produções multiversais que citei no início do texto – e definitivamente é aparente. Tendo como produtores os bem sucedidos Joe e Anthony Russo (especialistas em tornarem filmes de orçamentos milionários como Vingadores: Guerra Infinita em espetáculos visualmente pobres), os Daniels claramente agem dentro de um orçamento controlado e certeiro. Isso certamente garantiu uma produção possível e eficiente, mas acaba por sacrificar as gigantescas possibilidades visuais que o ótimo roteiro apresenta: diversas vezes, o filme acaba preso na paleta de cor cinzenta, sem expressão e afetada pela cinematografia digital.

Por exemplo, com um filme ambientado em diferentes universos através de uma infinitude destes, era de se esperar uma variedade visual mais distinta na fotografia. Infelizmente, não é o que o fotógrafo Larkin Seiple é capaz de fazer, oferecendo mínimas variações de cor e estética – a maior delas envolvendo um universo que claramente homenageia o cinema de Wong Kar-Wai.

Ao menos, a criatividade dos Daniels para criar sequências de ação que se aproveitam dessa mecânica é bem forte, e a dupla é bem feliz ao brincar com a variação do tamanho da tela (razão de aspecto) e também com a forma, ao apostar em cenas com stop motion, desenhos animados e, em especial, uma maravilhosa sequência envolvendo pedras estáticas.

Dentro de toda essa anarquia multiversal, existe um trabalho perfeito para Michelle Yeoh. Sempre uma presença icônica tanto no cinema chinês quanto na Hollywood contemporânea, a atriz se permite ter uma personagem bem mais humanizada e vulnerável com a Evelyn de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, o que só torna sua evolução com as diferentes variantes de sua personagem ainda mais impressionante. Há uma carga de humor raríssima no trabalho de Yeoh, e uma carga emocional que atinge o espectador com um impacto tão profundo quanto os inúmeros chutes, socos e pancadas com dedo mindinho que Evelyn executa durante diversas cenas de ação. Um pacote completo de atuação.

Mas ainda que o elenco de apoio conte com ótimos trabalhos de Jamie Lee Curtis, Stephanie Hsu e o sempre divertido James Hong, é mesmo Ke Huy Quan que se revela a grande surpresa da produção. Mais famoso por seus papéis mirins em Os Goonies e Indiana Jones e o Templo da Perdição (Isso mesmo, o grande Short Round!), Quan oferece uma performance monumental como Waymond, especialmente por ser um personagem muito mais frágil e inseguro do que Evelyn, mas que traz as variações multiversais mais radicais de toda a narrativa; em uma troca súbita de personalidade, ao alternar entre inseguro e  destemido, que eu só me lembro de ter visto tão bem com o Superman de Christopher Reeve. Uma grande atuação e um personagem que, de fato, representa o coração do filme todo.

Dentre todos os filmes que chegaram (ou chegarão) às telas de cinema em 2022, certamente não haverá um como Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. Apesar de não ser visualmente tão estimulante como poderia, representa um dos roteiros mais insanos, criativos e originais dos últimos anos, além de oferecer performances brilhantes de seu grande elenco.

Em uma Hollywood presa a ideias repetitivas, essa é uma excelente ruptura no fio da realidade.

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once, EUA – 2022)

Direção: Daniel Scheinert e Daniel Kwan (Daniels)
Roteiro: Daniel Scheinert e Daniel Kwan
Elenco: Michelle Yeoh, Ke Huy Quan, Stephanie Hsu, Jamie Lee Curtis, James Hong, Jenny Slate, Harry Shum Jr.
Gênero: Aventura, Drama
Duração: 140 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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