O julgamento de Sean “P. Diddy” Combs por tráfico sexual e extorsão chegou ao seu clímax nesta semana, com as alegações finais da defesa e da acusação pintando retratos diametralmente opostos do magnata do hip-hop. De um lado, o advogado de defesa, Marc Agnifilo, apresentou um Diddy que é um “empreendedor negro que se fez sozinho” e adepto de um “estilo de vida swinger” consensual. Do outro, a promotora Maurene Comey o descreveu como um “general” do crime que, por 20 anos, “escapou impune”. O futuro do rapper, que pode pegar prisão perpétua, está agora nas mãos do júri.
Após sete semanas de depoimentos, a defesa encerrou seu caso sem chamar nenhuma testemunha, e Agnifilo iniciou uma apaixonada e teatral argumentação final para tentar convencer o júri da inocência de seu cliente.
A defesa: um “julgamento falso” contra um “swinger”
Com um tom informal e andando pelo tribunal, Agnifilo argumentou que Diddy é vítima de um “julgamento falso”. Ele admitiu a violência doméstica contra a ex-namorada Cassie Ventura, flagrada em um vídeo de 2016, mas insistiu que o episódio não tinha relação com as “surras” — festas sexuais que a defesa caracterizou como consensuais. Ele pintou Cassie como uma “mulher forte que realmente gosta de sexo” e que se comportou como uma “gângster” ao usar um celular secreto para se comunicar com o rapper Kid Cudi, insinuando que ela não agiria assim se tivesse medo de Diddy.
O advogado ridicularizou as acusações, chamando o suposto sequestro de uma ex-assistente de “sequestro porta a porta” e zombando da apreensão de lubrificantes e óleo de bebê nas mansões de Diddy, dizendo que a operação deixou os EUA “seguros contra o Astroglide”. Ele admitiu que o rapper tinha um “problema com drogas”, mas para uso pessoal, e não como parte de uma empresa criminosa. Para finalizar, Agnifilo apelou diretamente à “coragem” do júri para absolver seu cliente. “Ele está lá, inocente. Devolvam-no à sua família”, pediu.
A acusação: “os crimes terminam neste tribunal”
Em sua réplica, a promotora Maurene Comey foi incisiva e demolidora. Ela chamou o argumento de que Diddy pagava acompanhantes masculinos apenas pelo “tempo” e não por sexo de uma piada que “nem passa no teste do riso”. Ela rebateu a imagem de Diddy como um mero usuário de drogas, posicionando-o como o “general” de uma organização criminosa que “delegou” o trabalho sujo para seu círculo íntimo. “Este é um sujeito que não consegue pegar sua própria garrafa de água. […] Obviamente, ele não cometeria seus próprios crimes”, argumentou.
O ponto mais forte de sua fala foi ao desmontar a tese de que as acusadoras estariam mentindo. Comey destacou que Cassie já recebeu um acordo milionário e, portanto, não tem motivo financeiro para mentir. Outras testemunharam sob pseudônimo, sem buscar fama, e uma delas, “Jane”, ainda tem despesas pagas por Diddy, o que a incentivaria a mentir a favor dele, e não contra.
“Por 20 anos, o réu escapou impune de seus crimes. Isso termina neste tribunal”, declarou Comey em seu clímax explosivo. “O réu não é um deus. Ele é uma pessoa. E neste tribunal, ele é igual perante a lei. […] É hora de responsabilizá-lo. Declará-lo culpado.”
O júri deve começar suas deliberações na próxima semana para decidir qual das duas narrativas prevalecerá.