Will Shen, ex-veterano da Bethesda e designer-chefe de missões de Starfield, compartilhou sua opinião sobre o futuro dos jogos de mundo aberto e a crescente saturação de títulos gigantescos. Em entrevista ao Kiwi Talkz, Shen abordou a discussão em torno da duração excessiva de jogos, mencionando como a indústria passou a valorizar experiências de centenas de horas, o que pode estar começando a cansar uma parte significativa dos jogadores.
O impacto de jogos “infinitos” no mercado – como Starfield
Shen reconheceu o papel de títulos como Skyrim e Fallout 4 nesse fenômeno, destacando que o sucesso desses jogos, que podem ser jogados praticamente para sempre, influenciou o mercado a buscar experiências cada vez maiores.
“Ainda há muitas pessoas jogando Skyrim mesmo depois de todos esses anos”, disse Shen. “Antes, isso era típico dos MMOs, como World of Warcraft, que ainda tem superfãs dedicados.”
Ele também chamou atenção para um dado preocupante: muitos jogos que ultrapassam 10 horas de duração não são concluídos pela maioria dos jogadores. Shen estima que 75% das pessoas abandonam os títulos entre 5 e 10 horas de jogo.
Fadiga com jogos extensos e a valorização de experiências curtas
Segundo Shen, o cansaço em relação a jogos muito longos tem crescido. Ele acredita que uma parte do público prefere experiências mais contidas e pontuais, que não exigem dezenas ou centenas de horas.
“Já temos muitos jogos aos quais podemos voltar continuamente. Adicionar mais um a essa lista é uma tarefa difícil.”
O designer destacou o sucesso de jogos curtos, como Astro Bot e o terror Mouthwashing, que duram apenas algumas horas, mas oferecem experiências completas e satisfatórias. Ele ressaltou que a brevidade permite que mais pessoas aproveitem a totalidade do jogo e gerem discussões comunitárias de maneira mais ampla e rápida.
O futuro dos gigantes da indústria
Ao especular sobre o futuro dos grandes sucessos, Shen comentou que títulos como Fortnite, Call of Duty, FIFA e League of Legends provavelmente permanecerão relevantes por décadas.
“Talvez para sempre. Daqui a 50 anos, ainda haverá atualizações de Fortnite, e ele continuará sendo o fenômeno que sempre foi. Quem sabe?”
Ele comparou esses jogos a esportes tradicionais, como futebol e basquete, que continuam populares por gerações. Shen acredita que esses títulos gigantes continuarão atraindo jogadores dedicados e dificultando a entrada de novos competidores nesse segmento.
Tempo, dinheiro e o dilema dos jogadores
Concordando com a perspectiva do ex-chefe do PlayStation, Shawn Layden, Shen mencionou que, à medida que os jogadores envelhecem, o tempo se torna um recurso mais escasso, mesmo que tenham dinheiro para adquirir novos títulos. Ele destacou que esse desequilíbrio varia de acordo com o público e o mercado, mas que a falta de tempo é uma preocupação crescente entre muitos jogadores.
“Temos tantos jogos em nossas bibliotecas que podemos retornar para sempre. E ainda assim, continuam surgindo sucessos gigantes que exigem dedicação.”
Shen deixou claro que, embora continue trabalhando em um novo projeto de mundo aberto, acredita na importância de diversificar as experiências oferecidas aos jogadores. Para ele, o futuro da indústria pode estar tanto em grandes épicos quanto em jogos curtos e bem polidos que se encaixem melhor na rotina de um público cada vez mais ocupado.